Vale reestrutura o negócio de manganês e vende ativos
14/02/07
Vera Saavedra Durão14/02/2007
A Vale do Rio Doce está fechando negociação com a Wallgate International , um fundo de investimento de capital privado, para vender seus ativos de cálcio silício operados pela Rio Doce Manganês (RDM) e duas unidades de “cored wire”. Uma unidade fica em São João Del Rey (MG) e a outra em Dunquerque, França. Os produtos são usados na fabricação de aço.
A operação faz parte do plano de reestruturação do negócio de manganês em curso na companhia, informou Luis Carlos Nepomuceno, diretor da área de manganês. “Estamos vendendo o que não é foco do negócio, mas a parte de manganês e ferro-ligas não está à venda”, disse o executivo.
Segundo ele, os ativos de cálcio silício e cored wire (um tubo de ferro preenchido com cálcio silício), que agora estão sendo vendidos, se concentram na Rio Doce Manganês (99,31% Vale) e na Rio Doce Manganês Europe (RDME). A RDM tem uma unidade de cálcio silício em São João Del Rey (MG), com capacidade de 28 mil toneladas e uma linha de “cored wire” de 12,5 mil toneladas. Na França, a linha da RDME etapa a fazer 6,5 mil toneladas por ano.
A decisão da mineradora leva em conta sua falta de competitividade nestes negócios. A Vale não possui mina de quartzo, que é a matéria-prima do cálcio-silício, informou Nepomuceno. Em fevereiro de 2006, a Vale vendeu para a siderúrgica japonesa JFE sua participação de 49% na Nova Era Silicon, por US$ 14 milhões, que faz ferro-silício, também em Minas. A JFE já sua sócia.
A reestruturação da área de manganês, com a venda destes ativos, vai melhorar a alocação de capital e aumentar a competitividade do negócio. Este ano, a Vale programa investir US$ 35 milhões na modernização e expansão de sua produção de manganês e ferro-ligas. “Vamos ficar só com o `puro sangue`”, disse Nepomuceno.
No ano passado, até setembro, a área de manganês e ferro-ligas registrou receita bruta de R$ 876 milhões, ante R$ 1,2 bilhão no mesmo período de 2005. No período, a produção de manganês atingiu 1,665 milhão de toneladas, com queda de 31,1% em relação aos nove meses anteriores. Em todo o ano de 2005, a Vale produziu 3 milhões de toneladas de manganês e 563 mil toneladas de ligas. Cerca de 60% do volume produzido é consumido nas próprias usinas de ferro-ligas da Vale e 40% são exportados para o mercado asiático.
Dentre os ativos de manganês da Vale, a mina do Azul, em Carajás, é o principal e está integrada na RDM com outras minas no país. A RDM, com a venda da unidade de São João Del Rey, vai ficar com quatro usinas de ferro-ligas (Santa Rita, Barbacena, Rancharia, em Minas Gerais, e Simões Filho, na Bahia). A Vale tem ainda a mina de manganês de Urucum, em Mato Grosso do Sul, integrada a uma usina de liga. Além disso, é dona da RDME, produtora de ferro-ligas em Dunquerque (França) e da RDMN (Rio Doce Manganês Noruega), na Noruega.
O mercado de minério e ligas de manganês, depois do `boom` de preços em 2004, despencou em 2005 e 2006 devido ao excesso de estoques internacionais, afirmou Nepomuceno. No final de 2006, os preços começaram a se recuperar porque os estoques foram consumidos. Entre julho e setembro, o preço médio de venda do minério de manganês alcançou US$ 75,89 a tonelada, registrando alta de 2,8% ante o mesmo período de 2005.
Valor Econômico