Quase tudo pronto para CSN deslanchar usina em Itaguaí
28/05/07
Os estudos de engenharia e de viabilidade econômica estão bastante adiantados. A licença ambiental foi recém-obtida e os mecanismos financeiros engatilhados. Agora, a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) só aguarda o posicionamento da Baosteel para fazer deslanchar o projeto de construção da usina de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Nas próximas semanas a siderúrgica chinesa deverá anunciar se vai entrar como sócia da usina de Itaguaí. “Tê-la como sócia seria uma vantagem adicional ao negócio, pois o acesso às novas tecnologias seria mais fácil”, afirmou Marcos Treiger, diretor de relações com investidores da CSN. “Mas vamos cumprir nossos planos mesmo se a Baosteel não participar do projeto”.
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A nova unidade faz parte da ambiciosa gama de projetos que a empresa vai orquestrar até meados de 2010 e que têm orçamento estimado em US$ 7,5 bilhões. A meta é triplicar os volume de produção de aço e de minério de ferro, fortalecer o sistema logístico da companhia e dar músculos a dois novos negócios – aços longos voltados para construção civil e cimento.
Só a construção das duas usinas de placas deverá consumir US$ 6 bilhões. Em três anos, a capacidade de produção anual da CSN saltará de 5,6 milhões de toneladas para quase 15 milhões de toneladas.
A unidade de Itaguaí será a primeira a sair do papel, em meados de 2009, com investimentos de US$ 3,1 bilhões. A produção será de 4,5 milhões de toneladas anuais que terão como principal destino o mercado externo. As negociações para a compra de equipamentos só deverá começar no segundo semestre. A intenção é enviar a placa produzida localmente – hoje a CSN é reconhecida por ter um dos menores custos de produção mundo – para ser acabada nos principais centros consumidores.
Um ano depois, de acordo com seu cronograma, a CSN acredita que pode pôr em operação a unidade a ser construída em Congonhas (MG), próxima à jazida de Casa de Pedra e que também terá capacidade nominal de 4,5 milhões de toneladas. Entretanto, uma parte da produção poderá ficar no mercado interno, uma vez que a companhia tem planos para construir uma laminadora no local. A usina deverá exigir aportes de US$ 2,9 bilhões.
Segundo Treiger, a CSN continuará na busca para comprar ativos no exterior (tanto no segmento de aços planos como de longos), como parte da sua estratégia de internacionalização. Recentemente, a companhia tentou arrematar a anglo-holandesa Corus e a colombiana Paz del Río, mas na primeira foi derrotada pela indiana Tata Steel e na segunda considerou o preço demais “Mostramos maturidade na disputa pela Corus e não levamos nossa aposta além do que considerávamos bom para a saúde financeira da companhia”, disse Treiger. O executivo não quis adiantar quais aquisições a CSN estaria analisando. Em 2006, a empresa tentou também comprar a Wheeling-Pittsburgh, dos EUA.
A mina de ferro Casa de Pedra também passa por um ciclo de investimentos de cerca de US$ 1,5 bilhão. O dinheiro será empregado para elevar gradativamente a produção de minério de 16 milhões de toneladas atuais para 53 milhões até meados de 2010, além da instalação de uma peletizadora e aportes complementares para aumentar a capacidade do terminal marítimo de Sepetiba (RJ).
Casa de Pedra será responsável por fornecer às usinas cerca de 22,5 milhões de toneladas de minério a partir de 2010; o restante será negociado no exterior. A companhia ainda estuda a separação das atividades minerais, seja por meio de lançamento de ações ou com a ajuda de um parceiro estratégico. De acordo com o executivo da CSN, a cisão poderá corrigir o valor de mercado da siderúrgica – atualmente em US$ 12 bilhões – e turbinar a avaliação preliminar feita por especialistas pela área de mineração, de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões. O diretor acredita que Casa de Pedra tem condições de figurar entre as maiores produtoras de minério de ferro do mundo por conta dos estudos recentes que mostram que as reservas locais chegam a 6 bilhões de toneladas.
Para Trieger, nem o direito de preferência da Vale do Rio Doce pelo minério excedente de Casa de Pedra deve reduzir o sucesso da eventual cisão. “Pelo contrário, a Vale é um cliente importantíssimo e por contrato deve obedecer às condições de mercado. Equivale a receita garantida”.
A empresa também prepara sua entrada em novos nichos de negócios – cimento e aços longos. Apesar de os investimentos serem mais modestos (cerca de US$ 100 milhões para cada um), os novos projetos vão aproveitar a infra-estrutura e até mesmo os rejeitos da CSN. NO caso de cimento, vai utilizar a escória dos altos fornos para produzir 2,5 milhões de toneladas de cimento. A unidade deverá estar pronta até o segundo trimestre de 2008. Meses depois deverá iniciar operação na usina de Volta Redonda a produção de aços longos (barras, vergalhões e fio-máquina). Esse projeto, para 500 mil toneladas, é de US$ 112 milhões.
Valor Econômico