Nova data para ofertas pode acirrar a disputa pela Corus
20/12/06
Vera Saavedra Durão e Patrícia Nakamura 20/12/2006
;
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) reagiu bem a determinação do “Takeover Panel”, órgão regulador de fusões e aquisições do Reino Unido, de fixar um prazo final de até no máximo 30 de janeiro de 2007 para novas ofertas de compra da anglo-holandesa Corus. A empresa, porém, evitou comentar a possibilidade da Corus entrar em processo de leilão, como definiu o comunicado do Panel, caso a disputa pelo ativo, nos dias que antecederem esta data, se tornar muito competitiva.
;
“Ter uma data-limite para a operação é positivo para as três companhias – Corus, Tata Steel e CSN -, já que a indefinição não é boa para um negócio desta grandeza”, disse uma fonte da CSN. Para o mercado porém, a determinação do órgão regulador do Reino Unido pode não ser tão favorável à CSN. Os analistas trabalham com uma expectativa de que a nova proposta da Tata possa vir bastante elevada em relação a última oferta da CSN, de 515 pence (US$ 9,6 bilhões). A oferta da Tata foi de 500 pence (US$ 9,2 bilhões).
;
Tata e CSN, na visão de analistas, vão atravessar as próximas semanas envoltas em suspense e numa violenta boataria de mercado. Ambas devem deixar para a última hora a apresentação das novas ofertas para adquirir a Corus. “A competição agora ficou mais tensa”, afirmou um analista do setor. Segundo ele, o principal ponto da disputa é o poder do caixa da Tata versus as sinergias oferecidas pela CSN. Para a brasileira, a conquista da Corus é fundamental para seu futuro, uma vez perdeu a disputa pela Wheeling-Pittsburgh, dos EUA. “Ela terá a Europa para escoar sua produção de placas e manter o minério de Casa de Pedra longe da mãos da Vale do Rio Doce”.
;
Rodrigo Ferraz, analista de siderurgia da Brascan Corretora, em relatório divulgado ontem, avalia que a definição da data limite do órgão britânico, que raramente se manifesta, sugere que a siderúrgica indiana esteja se preparando para um novo lance com valor bem alto. Isso poderia contribuir no curto prazo para nova queda dos papéis da CSN. A queda é motivada por receio dos investidores de que o endividamento excessivo da companhia possa afetar seu fluxo de caixa, além de inviabilizar outros projetos futuros.
;
A disputa pela Corus poderá deflagrar uma onda de aquisições a preços elevados. “É preciso tomar cuidado, pois os valores pagos (múltiplos de Ebtida) podem comprometer as margens dos compradores”.
;
Neste momento, a estratégia da CSN na disputa é esperar por novos fatos. “A nossa oferta é que está na frente e já foi até recomendada pelo conselho da Corus a seus acionistas”, disse uma fonte da empresa. Até agora, continua sem data a assembléia da Corus marcada para hoje, que foi suspensa, tinha por objetivo votar a oferta da Tata.
;
Para o analista da Brascan, a decisão do Panel foi tomada com o intuito de acabar com a indefinição sobre o futuro da Corus, empresa que vem sendo alvo de especulações sobre aquisições há algum tempo.
;
A manifestação do Panel fez subir as ações da Corus 0,66%, para 531,50 pence. Este ano, os papéis da empresa já se valorizaram quase 80%. Já a da ação da CSN, que havia declinado de R$ 70 para R$ 63,00, subiu 0,65%, para R$ 64,75.
Valor Econômico