Mineração aquece venda de pneu fora de estrada
13/06/07
Anna Carolina Negri/Valor
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A empresa que precisar hoje trocar o pneu de uma carregadeira, motoniveladora, caminhão articulado ou outros equipamentos do gênero tem poucas chances de conseguir o produto este ano. O aumento da atividade econômica em todo o mundo fez dos pneus destinados aos grandes equipamentos de construção e mineração um artigo raro.A Bridgestone Firestone, uma das fornecedoras, está com os pedidos tomados até o final do primeiro semestre de 2008. Há 32 anos na empresa, o gerente de vendas para a área agrícola e a linha OTR (“Off The Road” , os chamados fora de estrada), Mário Barros, diz que nunca viu algo igual após o chamado milagre econômico. Em tempos de atividade normal, o tempo de espera gira em torno de três meses, já que, de qualquer forma é preciso aguardar o produto vir do exterior, Não existe na América do Sul nenhuma fábrica desse tipo de pneus. Os maiores dessa linha, com mais de quatro metros de diâmetro, vêm das fábricas das multinacionais do setor localizadas nos Estados Unidos e Japão. Um pneu como esse custa em torno de US$ 20 mil.Segundo a indústria de equipamentos, o problema já se tornou antigo. A Volvo Construction Equipment convive com esse tipo de dificuldade há cerca de um ano e meio. “A situação estava ainda mais grave há alguns meses”, afirma Fernando Arruda, diretor da unidade do grupo sueco que produz em Pederneiras (SP) uma ampla linha de caminhões articulados, pás carregadeiras, motoniveladoras e escavadeiras. Segundo Arruda, no ano passado, a Volvo chegou a produzir equipamentos sem pneus. No caso, os produtos ficaram parados até ficarem completos para a entrega. Segundo ele, hoje o problema aparece mais quando o cliente determina um modelo de pneu específico. “A produção está intensa , mas há fatores que limitam o crescimento como a falta de várias peças, incluindo pneus. Segundo ele, a Volvo trabalha com a previsão de crescimento de 27% este ano em comparação com 2006. Já no ano passado, a empresa havia registrado crescimento de 20%Uma das maiores consumidoras desses pneus no Brasil, a Companhia Vale do Rio Doce, informa que não tem conseguido acompanhar o ritmo de recuperação dos pneus velhos para poder contornar o problema. A empresa mineradora consome 2,5 mil unidades por ano e tem exibido esses números como forma de se apresentar como cliente garantido a qualquer multinacional que decidir investir numa fábrica desse tipo de pneus na América do Sul.Recentemente, circularam no mercado informações de que a Goodyear teria um projeto para instalar uma linha no Brasil ou no Chile. Mas a empresa americana não confirma. Segundo Márcio Borges, gerente de assuntos corporativos da Goodyear no Brasil, não há nenhum estudo nessa linha. Borges confirma que a forte demanda, principalmente em países emergentes, tem provocado filas de espera tanto no mercado original como no de reposição.O grupo Bridgestone/Firestone já está expandindo a capacidade no Japão, onde se concentram as linhas de produção desses pneus. Segundo Barros, na cidade de Hofu, onde estão as linhas de produtos de menor porte, a fábrica está em fase de expansão, com conclusão prevista para o final deste ano. Em outro município japonês, Shimonoseki, será erguida uma nova unidade, de onde sairão os pneus de grande porte. Trata-se de um projeto que deverá ser concluído em 2008, com início de produção prevista para 2009.O diretor da unidade de negócios agrícola e OTR da Pirelli, Roberto Iunes, informa que a multinacional italiana tem registrado um aumento da demanda, não só local, mas também no exterior, para pneus destinados, em especial, às grandes minerações e construção civil pesada. No caso, a China é responsável, segundo a empresa, pelo maior estímulo ao aumento da demanda. No Brasil, a Pirelli investiu na ampliação da capacidade de da fábrica de Santo André, onde são feitos pneus para uso agrícola e em veículos fora de estrada de menor porte.
Valor Econômico