Falta de operário qualificado prejudica crescimento
01/07/08
Apesar do tom positivo, ainda existe um descompasso entre a queda na taxa de desemprego e o crescimento da taxa de ocupação.
`Essa taxa (de desemprego) poderia ser muito menor se tivéssemos mão-de-obra qualificada no estado`, afirma a diretora de uma empresa de consultoria organizacional, Nara Abdon D? Oliveira.
Segundo ela, o Pará vive uma época única em relação a postos de trabalho, mas, por uma questão de falta de afinação entre o setor público e o privado, não está resultando em um crescimento maior na taxa de ocupação e uma conseqüente queda ainda maior da taxa de desemprego. `Um dos segmentos responsável por esse aquecimento é o setor mineral, porque o Pará tem uma vocação nata para esse segmento, o problema é que o estado nunca se preparou para esse momento`, critica.
Se tivesse que fazer isso a partir de agora, segundo a diretora, seria necessário no mínimo dez anos para atender as necessidades do mercado de trabalho. `Temos um único curso de engenharia mecânica e formamos há pouco tempo a primeira turma de engenharia de mineração, e ainda sim, por uma iniciativa privada`, diz.
Para ela, existe um desalinhamento entre a demanda de mão-de-obra do mercado de emprego no estado e os cursos mais procurados. `A oferta não encontra a demanda. Todos os anos se formam inúmeros administradores, tecnólogos em informáticas, áreas que estão saturadas e não comportam mais essa demanda. O mercado está cheio desses profissionais. Ao passo que se hoje tivesse mil engenheiros de mineração formados, eles estariam empregados`, garante.
Para suprir essa necessidade imedita de mão-de-obra, ela afirma que muitas empresas de grande porte estão investindo por conta própria na formação desses profissionais. `Enquanto o governo fecha os olhos para aquilo que realmente é preciso, não só aqui no Pará, mas em vários outros estados, vamos sempre ter a expectativa de que a queda na taxa de desemprego poderia ter sido ainda menor`, analisa.
CULTURAL
Ela aponta ainda outro problema no que se refere a emprego/desemprego na cidade de Belém. `Existe uma questão cultural. Embora haja uma carência de bons empregos na capital do Pará, onde predomina o varejo, há uma questão cultural que é o fato do belenense não migrar. Muitas vezes prefere ficar subempregado na capital a deixar a família e ter um bom emprego no interior`.
Na capital, analisa a diretora, assim como em toda a região nordeste do estado há pouca oferta de emprego. Em contrapartida, há vagas no setor de indústria de base em cidades do Sul e Sudeste do estado como Parauapebas, Canaã dos Carajás, Orilândia e Marabá e municípios do oeste, como Santarém e Juruti.
Um balanço sobre o emprego formal no Pará feito Dieese ano passado, também apontou nessa direção: falta emprego e sobram vagas no Estado. De acordo com a pesquisa no primeiro semestre de 2007, cerca de 23% das vagas captadas no mercado de trabalho pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine) não haviam sido preenchidas. O motivo era a falta de mão-de-obra qualificada.
O Liberal – PA