EUA elevam projeção de reservas de xisto
11/06/13
As reservas globais de xisto betuminoso são suficientes para cobrir mais de uma década de consumo de petróleo. É o que aponta a primeira avaliação feita pelos Estados Unidos de reservas que vão da Rússia à Argentina.
O Departamento de Energia estimou o volume de óleo de xisto “tecnicamente recuperável” em 345 bilhões de barris em 42 países pesquisados, ou 10% do estoque mundial de petróleo. Antes, o departamento havia fornecido apenas uma estimativa para as reservas de xisto betuminoso dos EUA, que ontem ele elevou de 32 bilhões de barris para 58 bilhões. O ritmo dos ganhos de produção de gás e petróleo vem surpreendendo especialistas desde que os EUA começaram a usar o sistema de perfuração horizontal e fratura hidráulica, conhecido como “fracking”, em formações de rochas betuminosas há cerca de dez anos.
Somente os EUA e o Canadá estão produzindo petróleo e gás natural do xisto em quantidades comerciais, segundo o Departamento de Energia. A avaliação indica que a Rússia possui os maiores recursos em óleo de xisto, com 75 bilhões de barris. Rússia e EUA foram seguidos pela China, com 32 bilhões de barris. Segundo o relatório, o gás das formações de xisto aumentou as reservas mundiais de gás natural em 47%, para 22,282 quatrilhões de pés cúbicos.
Geólogos e diplomatas vêm discutindo se outros países conseguirão repetir o sucesso dos EUA na exploração de rochas betuminosas. As importações de óleo bruto dos EUA estão no menor nível em 16 anos, o que está reconfigurando o mapa mundial do comércio de petróleo. “O xisto betuminoso sempre foi subestimado pelos participantes do mercado externo porque a geologia é nova e a tecnologia está sendo desenvolvida rapidamente”, diz Edward Morse, diretor de análise de commodities do Citigroup.
A produção do óleo de xisto vem ajudando a manter os preços do petróleo bruto em cerca de US$ 120 o barril. A demanda mundial por petróleo está em cerca de 90 milhões de barris por dia, sugerindo que os recursos mundiais de óleo de xisto cobrirão 10,5 anos de consumo. Os EUA e o Canadá têm vantagens, como as grandes redes nacionais de dutos. Ambos os países têm recursos hídricos suficientes e equipamentos de prospecção especializados para respaldar o fracking.
Os proprietários de terras americanos têm direitos sobre os hidrocarbonetos presentes no subsolo de suas propriedades. Segundo Morse, isso é “verdadeiramente exclusivo dos Estados Unidos”, e aumenta a eficiência da exploração de petróleo e gás. O relatório americano se debruçou sobre recursos tecnicamente recuperáveis, sem se deter na lucratividade.
Adam Sieminski, diretor do Departamento de Informações Energéticas, disse: “O relatório de hoje indica um potencial significativo para o óleo de xisto e o gás de xisto internacionais, embora ainda não esteja claro até que ponto os recursos de xisto tecnicamente recuperáveis se mostrarão economicamente recuperáveis”.
A Agência Internacional de Energia (AIE) informou em maio em sua projeção quinquenal do mercado de petróleo: “Embora restem incertezas, é impossível ignorar a possibilidade de que as atuais tecnologias não convencionais, na medida em que forem disseminadas e forem ao mesmo tempo aperfeiçoadas e tornadas convencionais, levarem a uma maciça reavaliação das reservas mundiais”.
Financial Times