Estrada de Ferro de Carajás receberá aporte de R$ 860 mi
22/03/07
Francisco Góes22/03/2007
A Estrada de Ferro Carajás (EFC), corredor para o escoamento de minério de ferro da Companhia Vale do Rio Doce na região Norte do país, está recebendo pesados investimentos para ampliar a operação com aumento de produtividade e segurança. Em 2007, a EFC, que é controlada pela Vale, receberá investimentos de R$ 860 milhões, quase o dobro do aplicado em 2006.
A meta da EFC para o ano é transportar 108 milhões de toneladas, crescimento de 21% sobre 2006 quando movimentou 89,4 milhões de toneladas. Do volume total previsto, cerca de 90 milhões de toneladas corresponderão a minério de ferro. A parcela restante refere-se a outros produtos como ferro-gusa, soja e manganês.
A previsão é de que a ferrovia chegue a 2012 transportando 190 milhões de toneladas por ano. O número, se confirmado, representará crescimento de mais de 400% em relação ao volume de 35 milhões de toneladas/ano previsto quando a ferrovia foi concebida, em 1985.
O crescimento será garantido com investimentos em ativos, incluindo a frota, e pelo aumento da capacidade operacional dos pátios ferroviários, além da incorporação de tecnologias de controle e treinamento de pessoal. Em um horizonte de três anos (2006-2008), a Vale investirá R$ 498 milhões para ampliar os pátios ao longo dos 892 quilômetros da EFC, entre os estados do Pará e Maranhão.
Ao todo a EFC tem 56 pátios ferroviários para manobras de composições na operação da estrada de ferro, construída em uma linha singela (dois trilhos em bitola de 1,60 metro). A ampliação dos pátios ou desvios ferroviários permitirá aumentar o número de vagões nas composições que transportam minério de ferro. Entre 2006 e 2008, a Vale investirá R$ 40,3 milhões na adaptação das composições dos vagões de minério.
Zenaldo Oliveira, diretor de operações da EFC, diz que até início de fevereiro a ferrovia mantinha um modelo de operação para o transporte de minério de ferro com composições formadas por 210 vagões. Em meados do mês passado, a ferrovia passou a operar, em caráter temporário, com composições de 340 vagões no trajeto São Luís (MA) Carajás (PA), onde estão as minas de ferro. No retorno a São Luís o comboio é dividido em dois: com 170 vagões.
Oliveira diz que trata-se de uma solução intermediária até os pátios serem ampliados. Ocorre que nas condições atuais um trem longo, com 340 vagões, não consegue estacionar em grade parte dos desvios da ferrovia.
A partir do início de 2008, quando a ampliação dos pátios estiver concluída, a ferrovia vai operar comboios de 312 vagões puxados por quatro locomotivas no sentido Carajás-São Luís e vice-versa. “Serão mais 102 vagões na mesma composição, um aumento de mais de 50%”, diz Oliveira. A nova composição permite economia de combustível, redução da distância de frenagem e carregamento, além de alívio do freio pneumático. A composição também ajudará a descongestionar a malha.
Oliveira diz que para dar segurança operacional ao sistema, a EFC instalou este mês, em São Luís, o Centro de Pesquisa e Treinamento Ferroviário (Cepet), com investimento de R$ 3,5 milhões.
O Cepet é equipado com três simuladores para o treinamento de maquinistas. O simulador reproduz as adversidades enfrentadas pelos condutores na via do trem, como mudanças climáticas ou surgimento de obstáculos.
Valor Econômico