Empresários esperavam desoneração maior
23/01/07
Mirelle de França
O Globo
23/1/2007
No lançamento do PAC, executivos elogiam iniciativa, mas cobram empenho do governo na execução do plano
A maioria dos empresários convidados para a solenidade de lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Palácio do Planalto recebeu bem as medidas. Apesar dos elogios, alguns empresários disseram que o governo poderia ter oferecido uma desoneração fiscal maior. E cobraram empenho do Executivo para cumprir todas as promessas anunciadas ontem.
– Sabemos que nunca é fácil tirar idéias do papel, mas o conceito estratégico do PAC está muito bem elaborado – disse o presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter.
Para Paulo Safady, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a criação do comitê gestor das medidas do pacote é o que pode garantir o sucesso do PAC:
– Se algumas medidas saírem logo do papel, os resultados serão sentidos este ano.
Alguns empresários, contudo, se mostraram mais céticos. Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogélio Golfarb, os investimentos não virão automaticamente. Para o presidente do Instituto Acende Brasil, entidade que reúne investidores privados no setor de energia, Claudio Sales, o plano, embora tenha pontos positivos, como a isenção de PIS/Cofins para novos projetos, ainda é insuficiente:
– Essas medidas são um incentivo para os investimentos do setor privado, mas, se me perguntarem se é um incentivo com a velocidade e o volume necessários para atender à demanda do setor de energia elétrica na sua totalidade, eu digo que não. “O Brasil será outro se essas medidas forem cumpridas”
O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, achou positivo o PAC, mas criticou a falta de corte de gastos públicos.
– A partir do momento em que se faz um programa direcionado ao crescimento, a partir do momento em que o presidente da República em todos o seus discursos fala em crescimento, começa a nos deixar satisfeitos – disse Skaf. – Sentimos que deveria se dar mais ênfase à questão dos gastos públicos e da eliminação de desperdícios do setor.
O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, mostrou otimismo:
– O Brasil será outro se essas medidas forem cumpridas. Se tudo isso acontecer, vamos resolver rapidamente os gargalos da infra-estrutura.
– O PAC dá margem para nós desenvolvermos mais projetos privados. Mostra que há compromisso do governo, e isso é fundamental – disse o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna, de um setor que pretende investir US$25 bilhões nos próximos cinco anos.
O presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte, reclamou que o capítulo que trata das concessões de rodovias federais não menciona a terceira fase do programa, que envolve seis mil quilômetros de estradas federais e já estava sendo analisada na Agência Nacional de Transportes Terrestres:
– Estranhei que não tenha sido sequer mencionado, o que é muito negativo pois se está falando de um programa para os próximos quatro anos.
Para o coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Rezende, o PAC é necessário, mas mantém indefinidas as garantias à iniciativa privada nos projetos de concessão de rodovias ou de áreas dos portos.
O Globo