Distribuição dos benefícios da atividade mineral é um dos maiores desafios do setor
15/08/18
Os mitos e verdades sobre a inserção da mineração industrial em larga escala, tanto no ambiente urbano quanto na natureza nortearam as discussões do segundo painel do evento promovido hoje (15) pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC) em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
O Superintendente Executivo da Fundação FHC, Sérgio Fausto, coordenou a mesa que contou com a presença do Diretor-Presidente da Alcoa World Alumina Brasil Ltda, Otávio Cavalheira, do Presidente do Conselho do IBRAM e Diretor Executivo de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale, Luiz Eduardo Fróes do Amaral Osorio, da Ex Ministra do Meio Ambiente e co-chair do International Resource Panel da Organização das Nações Unidas (ONU), Izabella Teixeira e do Diretor-Presidente Fundação Renova, Roberto Waack.
Os participantes puderam saber um pouco mais sobre um dos principais desafios do setor, que é distribuir de forma uniforme os benefícios econômicos para todas as partes interessadas afetadas por suas atividades.
O Presidente Fernando Henrique Cardoso recomendou ao setor mineral que aprimore o diálogo com a sociedade. Em sua opinião, a sociedade em geral conhece muito pouco sobre a real importância da mineração para a vida das pessoas e para o Brasil. Essa falta de percepção faz com que haja resistência a essa indústria. “É preciso mudar essa cultura, a visão das pessoas sobre o setor mineral”, afirmou. Empresários do setor, ambientalistas e outros profissionais defenderam o mesmo posicionamento.
Osorio disse que a mineração deixa legados positivos, mas reconheceu que a sociedade não conhece adequadamente o papel da atividade. É um fator complicador, uma vez que a mineração depende da licença social – e não apenas legal – para poder operar. “O diálogo com a sociedade precisa ser posto”, afirmou. Para ele, este diálogo deve ser franco, objetivo e transparente, abordando questões positivas e impactos negativos.
A ex-ministra Izabella afirmou ter ficado positivamente surpreendida ao ser convidada para debater com as mineradoras o futuro da atividade no País. “Para falar de futuro é preciso também falar do passado. Não dá para ignorar os passivos da mineração”, afirmou ao mencionar como exemplo o que chamou de “desastre” na barragem de Fundão (MG).
Ela também achou interessante que o setor mineral esteja disposto a debater o desenvolvimento da atividade na Amazônia, onde há potencial para o Brasil ampliar suas reservas minerais. “Há 23 milhões de pessoas que vivem lá, têm ali suas raízes e precisam ser ouvidas”, alertou.
Abordar os temas socioambientais relacionados à mineração em larga escala foi um dos marcos deste evento, na opinião de Sergio Fausto, da Fundação FHC. “É uma forma de contribuirmos para o debate público relacionado ao futuro da mineração no Brasil”, afirmou.
Osorio celebrou as manifestações dos diversos especialistas e profissionais no evento desta 4ª feira na Fundação Fernando Henrique Cardoso, considerando que o objetivo de proporcionar novos canais de diálogos sobre a mineração sustentável foi atingido. “O IBRAM está sempre aberto a manter diálogo com a sociedade e com o poder público de modo a buscar soluções aos desafios do desenvolvimento sustentável das operações minerais no Brasil”, afirmou.