Brasil precisa negociar com a China
19/04/10
Após a crise econômica mundial e as suas drástic as consequências iniciais, a China passou a reestruturar o modelo de exportação do país com base no cenário caótic o dentro de suas fronteiras e continuou cumprindo todas as prioridades definidas no plano de ação do governo, plano quinquenal 2006/2010.
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O fato de os Estados Unidos não serem mais consumidores ávidos dos produtos made in China e a necessidade de manutenção da taxa de crescimento chinesa em 8% para fomentar a criação de empregos e manter o controle político pelo Politburo implicaram uma série de adaptações da China frente à nova ordem econômica mundial.
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Visando a garantir a perpetuação das fábricas, manutenção de empregos e o consumo interno, parte do imenso fluxo de exportações dos produtos chineses foi remanejada para o mercado doméstico, incentivado pela injeção dos US$ 586 bilhões pelo governo na economia.
A China também passou a escoar sua produção nos países em desenvolvimento.
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Acompanhamos diariamente o rápido crescimento das importações dos produtos chineses pelo mercado brasileiro e o aumento dos investimentos chineses no país.
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Em paralelo, é corrente a reclamação do empresariado brasileiro quanto à dificuldade em competir e sobreviver no mercado, em especial pela alta carga tributária e encargos trabalhistas impostos pelo governo brasileiro, atrelado à valorização do real frente ao dólar, o que diminui severamente a competição do produto nacional no mercado.
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Contudo, medidas para impedir o investimento estrangeiro ou frear o consumo de produtos importados através de ações antidumping, incidência do IOF em investimentos indiretos, reserva de mercado para titular áreas rurais e a instituição de tributo na exportação de minério brasileiro talvez possam ser um tiro no pé.
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Fechar o mercado doméstico nesta altura do campeonato sob o fundamento de preservar a soberania da cidadania brasileira seria o mesmo que estatizar empresas brasileiras altamente competitivas no mercado internacional.
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Já é hora de as autoridades governamentais e de o empresariado brasileiro se reunirem para discutir em conjunto a adoção de medidas para usufruir positivamente do relacionamento sino-brasileiro e da reciprocidade internacional, sem que haja o bloqueio do investimento chinês ou a importação de seus produtos pelo Brasil.
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A Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Coordenação (Cosban), por exemplo, é um canal de comunicação que pode e deve ser utilizado cada vez mais pelo governo e pelo empresariado brasileiro.
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Afinal, somente através do diálogo bilateral é que poderemos ouvir, assimilar e entender quais são as necessidades e os propósitos do nosso maior parceiro comercial, para podermos, assim, estabelecer acordos de benefício mútuo, como a possibilidade de ter acesso a 1,3 bilhão de pessoas ávidas pelo consumo do outro lado do planeta.
O Globo