Yamana quer extrair mais ouro no Brasil
09/02/07
Patrícia Nakamura09/02/2007
Emiliano Capozoli/Valor
Peter Marrone, principal executivo: em um ano, o valor de mercado da Yamana subiu de US$ 1 bilhão para US$ 5,5 bilhões
;Até 2009, a mineradora canadense Yamana Gold prevê aumentar sua produção de ouro das atuais 400 mil onças-troy (cerca de 12 toneladas) para 1 milhão de onça-troy (31toneladas). Somente no Brasil, onde a empresa possui jazidas na Bahia, Mato Grosso e Goiás, deverão ser extraídas mais de 700 mil onças anuais. Para atingir o objetivo, a empresa iniciará investimentos de US$ 195 milhões neste ano para desenvolver três minas que ainda não estão em operação.
O maior investimento ficará para a mina de Gualcamayo, na Argentina, que receberá US$ 90 milhões. Com início de operação previsto para 2008, a jazida responderá pela produção de cerca de 200 mil onças-troy por ano. No Brasil, os recurso serão divididos entre as minas de Jacobina, na Bahia (US$ 60 milhões) e de São Vicente, no Mato Grosso (US$ 45 milhões) – ambas devem começar a funcionar em meados do ano que vem.
No projeto de Jacobina, resultado da unificação da incorporação da também canadense Desert Sun no ano passado, é estimada uma produção de 230 mil onças-troy no ano que vem. O projeto de São Vicente vem sendo submetida a estudos de viabilidade econômica desde o fim de 2006.
Outro aporte, de cerca de US$ 32 milhões, será destinado a estudos de prospecção mineral nos projetos C1 Santa Luz (na Bahia) e de Ernesto (Mato Grosso), além de mais análises em São Vicente, afirmou ao Valor Peter Marrone, principal executivo da empresa.
Em 2006, a produção da Yamana alcançou aproximadamente 11 toneladas (cerca de 375 mil onças-troy, a unidade de comercialização do metal internacionalmente), ante as 5,5 toneladas registradas em 2005.
A empresa ainda não divulgou o balanço do ano passado, mas a estimativa é de que a companhia tenha faturado cerca de US$ 225 milhões, se considerada a cotação média do ouro na London Metal Exchange (LME) ao longo de 2006, de US$ 600 por onça-troy. “Os preços do ouro devem continuar altos, mas vão experimentar forte oscilação, por conta da incerteza sobre a economia americana”, disse.
Ainda no primeiro trimestre deste ano, a empresa vai colocar em operação comercial o projeto Chapada, em Alto Horizonte (GO) de produção de concentrado de cobre. A previsão é de ritmo de processamento de 2,1 mil toneladas por hora, com produção de 210 mil toneladas de concentrado, que serão totalmente exportadas. Chapada exigiu investimentos de US$ 170 milhões e tem reservas estimadas de 907 mil toneladas de cobre e outras 40,4 toneladas de ouro. Mesmo com as perspectivas de queda de preço do cobre, o presidente da empresa se mostra otimista. “Temos custo de produção por volta de US$ 0,80 por libra, muito aquém do preço da commodity, de cerca de US$ 2,50. Além disso, a demanda pelo metal ainda é muito forte”, disse. Todos os investimentos, segundo Marrone, são feitos com o caixa próprio da empresa.
No mês passado a Yamana transferiu a negociação de suas ações na American Stock and Options Exchange (Amex) para a New York Stock Exchange (Nyse). Os papéis da empresa ainda continuam negociados na Bolsa de Toronto. A intenção da Yamana é chamar a atenção de fundos de investimentos para os novos projetos. Segundo Marrone, de um ano para cá o valor de mercado da Yamana subiu de US$ 1 bilhão para US$ 5,5 bilhões.
Ele também disse não temer uma possível aquisição hostil, apesar do capital pulverizado da mineradora (os principais acionistas detêm apenas 8% do total dos papéis) permitir tais investidas. “Os investidores estão otimistas com as perspectivas de valorização das ações nos próximos 12 meses, de 11 dólares canadenses para 23 dólares canadenses”, disse. Nos próximos dias, a Yamana também começa a negociar a listagem de seus papéis na Bolsa de Londres.
A empresa informou ainda que não descarta novas aquisições ao longo do continente americano. “Há ainda boas possibilidades, inclusive no Canadá e nos Estados Unidos”, afirmou. Jazidas na África e na Ásia, disse, oferecem mais dificuldades operacionais. A Yamana teve origem em 2003, quando adquiriu a Fazenda Brasileiro, na Bahia, da Vale do Rio Doce.
Valor Econômico