Votorantim adia expansão em MG
31/10/08
Queda do consumo e do preço do zinco no mercado mundial influenciou a decisão. Investimento chega a R$ 763 milhões
Marta Vieira
A Votorantim Metais adiou o seu programa de investimentos na expansão da produção de zinco em Minas Gerais, diante da queda do consumo e dos preços do metal, como das demais commodities minerais (minérios com preços cotados no mercado internacional). A empresa informou ontem que, em função da crise financeira mundial, ?assim como outras empresas globais do setor já anunciaram, está adequando o ritmo de seus investimentos à situação econômica do momento?. A companhia havia anunciado, em fevereiro deste ano, a aplicação de recursos de R$ 763 milhões no estado para ampliar suas plantas de Três Marias, na Região Central de Minas, e Vazante, no Noroeste do estado. Ainda de acordo com a Votorantim Metais, que atua também em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, o ritmo da produção está mantido. Mas tanto em Três Marias quanto em Vazante circulam informações de que, a qualquer momento, será reduzido o nível de atividade da mineradora em até 20%. O prefeito de Três Marias, Adair Divino da Silva, disse ontem que, em contatos anteriores com representantes da Votorantim, foi avisado de que a empresa deveria tomar medidas para se ajustar à retração das compras do metal e às perdas financeiras de R$ 2,2 bilhões que o grupo Votorantim amargou para liqüidar operações com derivativos cambiais (aposta futura no dólar). ?A situação nos preocupa, porque atinge a maior empresa do município e não sabemos até quando a crise vai perdurar?, disse o prefeito de Três Marias. A Votorantim Metais emprega 600 pessoas diretamente na cidade e sustenta cerca de 70% da economia local. Em Vazante, o secretário da Fazenda, Divino Boaventura Araújo, diz que uma eventual redução da produção, num prazo superior a três meses, terá efeitos importantes na economia. ?Estamos ansiosos com os desdobramentos dessa crise, que é mundial e ainda não temos idéia da sua extensão?, afirmou. A companhia responde por metade da receita mensal de R$ 650 mil de Vazante, com o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Para José Fernando Coura, presidente do Sindicato das indústrias extrativas de Minas (Sindiextra), a notícia do adiamento dos investimentos da Votorantim Metais é sinal de queda na procura por aço, que alimenta a indústria automobilística e os fabricantes de geladeira e fogões. ?Assistimos a um preocupante efeito em toda a cadeia produtiva da mineração e da siderurgia?, afirmou. Segundo Paulo Camillo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o setor se vê forçado a rearranjar seus orçamentos. ?A crise financeira mundial impõe uma mudança de velocidade dos investimentos. Pesam ainda, sobre o Brasil, medidas intempestivas e que comprometem a capacidade do setor, como a proposta de aumento da tributação sobre a indústria mineral?, disse. EM ANÁLISE A Holcim Brasil, subsidiária da gigante suiça da indústria de cimento, confirmou ontem investimentos de R$ 1,5 bilhão na construção de uma fábrica no país, ainda sem local definido, e de uma unidade de moagem em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O diretor comercial e de relações externas da Holcim Brasil, Carlos Eduardo Garrocho de Almeida, disse que os projetos estão aprovados e não tinham cronograma anterior definido. ?Por cautela, decidimos aguardar o desenrolar da crise, como qualquer outra empresa faria, num momento tumultuado quanto o atual?, afirmou. A nova fábrica está orçada em R$ 1,2 bilhão e a unidade de moagem em R$ 300 milhões. Já a mineradora Anglo Ferrous Brazil informou que o início das operações da reserva de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas Gerais, foi adiado do fim de 2010 para primeiro semestre de 2011, mas não relacionou o fato à turbulência na economia. A justificativa, de acordo com a empresa, está na demora na obtenção da licença ambiental do chamado projeto Minas-Rio. A Anglo contratou financiamento de R$ 2,3 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Estado de Minas