Villares Metals ganha espaço no segmento de aço especial
28/02/07
Patrícia Nakamura28/02/2007
;
;
Há três anos, Claus Raidl, presidente mundial e do conselho de administração da líder mundial em aços especiais Böhler Uddeholm, talvez não imaginasse que a compra da Villares Metals, por US$ 72 milhões – valor irrisório diante das recentes e bilionárias transações da indústria siderúrgica mundial – pudesse render tanto.
A subsidiária brasileira, com sede em Sumaré (SP), respondeu no ano passado por pouco mais de 9% do faturamento mundial do grupo, está entre as unidades mais lucrativas e as de menor custo de produção do mundo. “O Brasil já é o terceiro maior mercado da divisão de aços de alta liga da empresa, com 7,4% das vendas. Já ultrapassou a Áustria e está atrás somente da Alemanha, que concentra 28% do faturamento, e os Estados Unidos, com 8,5%”, afirmou Raidl ao Valor.
Os bons resultados garantiram às operações locais aportes de R$ 110 milhões para este ano. Desse total, R$ 40 milhões serão usados na compra de uma prensa com capacidade de processamento de 40 toneladas; outros R$ 15 milhões em processos de despoeiramento; e R$ 20 milhões foram reservados para a finalização do novo laminador, que entrará em funcionamento amanhã em Sumaré.
Fruto de investimentos totais de 50 milhões de euros (o maior da companhia) ao longo de dois anos , o novo equipamento vai aumentar a produção de laminados de 34 mil para 50 mil toneladas quando estiver em capacidade plena, em 2009. Após a maturação do investimento, a Villares Metals pretende aumentar a capacidade da forjaria.
“O Brasil já é considerado uma das principais plataformas de exportação da Böhler Uddeholm”, afirmou Raidl. No ano passado, 42% das 78 mil toneladas de produtos acabados feitos no país foram exportadas. Em 2005 a exportação respondia por 45%. “A desvalorização do dólar fez com que diminuíssemos as vendas externas”, disse. No ano passado a companhia produziu 850 mil toneladas de aço líquido.
A empresa austríaca tem como meta crescimento anual de 5% e 8% nos próximos cinco anos, seja por meio de expansões de suas unidades ou por aquisições. Mas Raidl reconheceu que os ativos estão caros, o que fará a direção da empresa pensar duas vezes antes de assinar o cheque.
Além disso, há poucos alvos de compra no mercado de aços especiais, considerado maduro e cujos principais competidores estão concentrados na Europa, disse o executivo. O segmento representou apenas 28 milhões das mais de 1,2 bilhão de toneladas de aço produzidas no ano passado. A finlandesa Outokumpu, a suíça Swiss Steel e a própria Böhler estão entre os principais produtores de aços rápidos, ferramentas e de aços liga especiais.
Para 2007, as expectativas para o nicho são de manutenção ou até de uma discreta melhora, já que os produtos, de alto valor agregado e usado em aplicações específicas como energia, equipamentos eletrônicos e na aeronáutica, não acompanham o crescimento dos aços comuns como placas e vergalhões.
Por isso, o grupo decidiu adiar mais uma vez os planos de investimentos mais pesados na China. Só daqui a três anos será decidido se uma unidade será construída naquele país. Antes de decidir pelo investimento no Brasil, a direção da Böhler buscava local para produzir na China. Por enquanto os aportes são realizados apenas na distribuição de seus produtos.
No ano passado, a Bôhler Uddeholm registrou vendas de 3 bilhões de euros, ante receitas de 2,6 bilhões de euros em 2005, de acordo com informações preliminares. Quase 70% das vendas do grupo foram concentradas no segmento de aços de alta liga – usados na fabricação de ferramentas de corte de metais, moldes para injeção de plásticos, válvulas de motores automotivos e nas indústrias de gás e petróleo. O lucro líquido subiu de 208 milhões de euros para 248,1 milhões de euros.
Já as operações da Villares Metals foram prejudicadas pela variação cambial. A receita líquida foi de R$ 795 milhões, 10% a menos em relação ao ano anterior. A receita com as exportações teve uma queda de 11%, para R$ 314 milhões. O volume de produção de acabados foi de 78,8 mil toneladas, 5% superior ante o ano anterior.
Em 2007 a previsão é de produzir 84 mil toneladas de acabados, sendo 34 mil em laminados, 41 mil toneladas de forjados e outras 9 mil toneladas de produtos semi-acabados.
Enquanto acompanha a curva de aprendizagem do novo laminador, a Villares Metals negocia a venda do antigo laminador, instalado em Sorocaba (SP) para a Aços VIllares. A empresa pertence ao grupo espanhol Sidenor, cujo 40% das ações pertencem à brasileira Gerdau. O preço do equipamento não foi revelado. Na época da compra da Villares Metals, a Böhler tinha assinado acordo para operar o laminador de Sorocaba por três anos, instalado dentro das instalações da Aços Villares. Com a compra do equipamento, a Aços Villares se compromete a não concorrer em aços de alta liga.
O grupo austríaco também fará este ano investimentos de R$ 40 milhões na sua unidade de solda no Brasil.
Valor Econômico