Vendas de minério devem ser maiores do que o previsto
07/01/09
ALINE LUZ
Além da queda nas vendas externas, os produtores de minério também sofrem com a retração da demanda interna. Especialistas preveem redução das vendas e dos negócios em 2009, mas não em patamares que vêm sendo divulgados, com estimativa de redução de 70% nas compras domésticas.De acordo com analistas e representantes do setor ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, não se pode analisar o desempenho esperado para o primeiro trimestre, período de redução da produção da produção das siderúrgicas, como sendo de todo um exercício.
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) Paulo Camillo Vargas Penna, não confirma o dado. Segundo ele, o cenário do país é bem melhor do que o de outros países do mundo, o que traz boas perspectivas para o setor e não um prognóstico tão desastroso.”Estamos em um processo de desaceleração, com redução de produção, atecipação de férias e manutenção nas empresas, mas setores como construção civil, por exemplo, continuam com demanda bastante aquecida”, explicou.Penna informou que o momento de incertezas no mercado financeiro deve fazer com que o plano de investimentos previsto para cinco anos seja alongado para até sete anos. Minas Gerais, que responde por 44% da produção mineral brasileira, receberia investimentos de US$ 17 bilhões, entre 2008 e 2012, montante que corresponde a 30,3% das inversões destinadas ao setor de mineração no país (US$ 56 bilhões). Agora o prazo deve ser maior exatamente por conta dos reflexos da crise.O presidente do Centro de Estudos Avançados de Mineração e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), José Mendo Misael de Souza, é otimista. Segundo ele, as estimativas para os índices macroeconômicos e a promessa de manutenção dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fazem com que as previsões não sejam tão persimistas quanto a de alguns analistas, que chegaram a prever redução de 70% do consumo de minério no mercado interno.”Não podemos considerar apenas o primeiro trimestre do ano, período em que as empresas estão em férias coletivas e de paradas para manutenção. Nesse intervalo, a demanda é menor, assim como a produção”, avaliou.O analista de mineração e siderurgia da DLM Invista, Rafael Salgado Matos, também não acredita em queda tão acentuada assim da demanda no mercado interno. “Temos uma situação mais favorável no país do que em outras partes do mundo, o que nos leva a cree que os impactos tendem a ser menores”, analisou.Especialistas apontam que a redução da demanda do minério de ferro está relacionada ao que acontece em vários outros setores. Ela é reflexo da situação da indústria automobilística, da contrução civil e de eletroeletrônicos que utilizam o aço como insumo. E o minério de ferro é a matéria-prima principal do aço.Isso tudo está acontecendo também porque as siderúrgicas vinham num ritmo forte e estavam muito estocadas. Então elas conseguirão produzir numa escala mais baixa utilizando o minério que já haviam comprado anteriormente. A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas), por exemplo, está operando atualmente com apenas um dos três altos-fornos da Usina de Intendente Câmara, em Ipatinga (Vale do Aço). Já a ArcelorMittal reduziu a produção em João Monlevade (Vale do Aço), Contagem e Sabárá. As duas também formaram estoques de minério.
Diário do Comércio – MG