Vários setores do mercado ensaiam retomada na Bovespa
12/01/09
Bolsa inicia o ano em ritmo forte, mas prognósticos ainda são uma incógnita
De São PauloApós o tombo de 2008, a Bolsa de Valores iniciou 2009 em ritmo forte. Alguns setores que muito perderam recentemente têm se destacado nestes primeiros pregões do ano. Mas o que a Bovespa reserva para os próximos meses ainda é uma incógnita. Analistas aconselham aos investidores a não se empolgarem com a arrancada dos últimos pregões, pois nada mudou de forma radical no cenário internacional para promover uma inversão de tendência do mercado.Ainda é prematuro para afirmar, por exemplo, que o petróleo e as commodities metálicas ? muito importantes para a Bolsa de Valores local e que se depreciaram em 2008 ? irão se recuperar neste ano.?O mercado está neste momento sem muitos parâmetros, rodeado de incertezas em relação ao que vai ocorrer com a economia mundial?, afirmou Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores. ?Com tantas dúvidas, o ideal é focar agora em ações de companhias e setores mais tradicionais. Não é a hora de pensar em ações de segunda linha?, disse o especialista.O índice Ibovespa (que reúne as 66 ações mais negociadas) registrou perdas de 41,2% em 2008, no que foi seu pior ano desde 1972. Neste ano, a Bolsa já conseguiu subir 10,74%.O setor de siderurgia e mineração é um que tem forte dependência da economia internacional. Para esse segmento, o ritmo da economia chinesa será um ponto relevante para melhorar os preços das matérias-primas e ajudar a dar novo ânimo a papéis de companhias como Vale, CSN e Gerdau.A Vale, a segunda maior companhia listada na Bovespa, reflete bem o atual cenário. Seu papel preferencial ?A?, que recuou 51,1% em 2008 na esteira da depreciação das commodities, registra alta de 18,2% neste ano. Mas ainda é cedo para saber até quando conseguirá manter esse atual ritmo forte.As ações da Petrobras, que não registraram resultados animadores em 2008 com o enfraquecimento do preço do petróleo, também têm tido um bom começo de ano. A ação preferencial da companhia, a mais negociada no mercado doméstico, recuou 46,1% no ano passado. Neste ano, já subiu 11,2%.O valor do petróleo, que chegou ao recorde de US$ 145 em julho passado, depende de diferentes fatores para se recuperar, como o desempenho da economia mundial e a consequente demanda pelo produto. Na sexta-feira, o barril encerrou a US$ 40,83 ? ou 72% abaixo de sua máxima.Dependência internaSe esses segmentos vão depender do ânimo internacional para se recuperarem na Bolsa, outros setores vão estar mais ligados ao desempenho da economia doméstica. Como a expectativa é a de que a economia brasileira cresça a um ritmo menor neste ano, há setores que talvez tenham mais dificuldades para conquistar bons resultados que ajudem a impulsionar as suas ações.A construção civil, por exemplo, já foi uma das decepções do ano passado. Os papéis de empresas do setor se depreciaram em 70,7% em 2008, segundo cálculo da Economática. A ação ON da Rossi Residencial foi o papel do Ibovespa que mais caiu no ano, com perdas de 83,2%. Mas, no embalo do atual ritmo de recuperação, a ação da Rossi Residencial disparou 27,24% na semana passada.?As revisões negativas para o cenário econômico de 2009 continuam. Nem bem começamos o ano e já temos informações novas suficientes para revisarmos para baixo nossas estimativas para o crescimento de 2009?, alerta Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. ?O crescimento do PIB de 2009 deve ser inferior a 2%?, afirma a economista.Para 2008, a projeção do mercado é a de que a economia brasileira tenha crescido 5,6%. ?A economia vai crescer menos e empresas que dependem apenas do mercado interno terão dificuldades. Talvez o setor de construção, um dos mais punidos em 2008, consiga algum impulso com um esperado incentivo do governo. Esse segmento é um importante gerador de emprego e o governo está atento a isso?, afirma Neves. (Da Folhapress)
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