Vale vai acelerar projetos da Inco e corre para reduzir endividamento
26/10/06
A Companhia Vale do Rio Doce pretende acelerar os projetos de exploração de níquel da recém-adquirida mineradora canadense Inco. Ontem, em Toronto, o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que o mercado atual de níquel não poderia estar mais favorável e que a empresa pretende explorar ao máximo essas condições. A condução dos negócios de níquel da empresa, incluindo as minas no Brasil, ficará concentrada no Canadá.
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Antes da compra da Inco, a Vale tinha em carteira apenas dois projetos nessa área: as minas de Vermelho e Onça Puma, ambas no Pará. Agnelli confirmou que a compra da Inco pode chegar a US$ 18 bilhões, com a aquisição de 100% das ações. Na segunda-feira, a Vale garantiu o controle ao comprar 75,66% das ações, uma operação de US$ 13,4 bilhões.
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De acordo com o executivo, todos os projetos da Inco são autofinanciáveis e os recursos para os futuros investimentos da empresa serão gerados pelos resultados de suas próprias operações. A empresa também deve estudar uma forma de explorar as sinergias com a companhia anglo-suíça Xstrata, que em agosto adquiriu a mineradora canadense Falconbridge. As principais minas da Falconbridge e da Inco no Canadá ficam em Sudbury, Ontário.
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Além das atividades no Canadá, Agnelli quer acelerar ainda os projetos da Inco na Indonésia e na Nova Caledônia (Oceania). Segundo ele, as reservas de níquel na Indonésia são `gigantescas`, o que pode beneficiar o crescimento do grupo.
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Agnelli também garantiu que a intenção é reduzir rapidamente o endividamento contraído para financiar a compra – todo o dinheiro para a aquisição veio de um empréstimo-ponte do qual participam 34 bancos. `Queremos reduzir a alavancagem o mais rápido possível.
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Antes mesmo de fechar a compra da Inco, a Vale já tinha começado a articular a primeiro operação para alongar parte da dívida. O primeiro passo será o lançamento de R$ 5 bilhões em debêntures no mercado brasileiro. O convite foi enviado na semana passada a todos os 34 bancos que participam da operação. As condições do lançamento deste título ainda não foram definidas, bem como os prazos do papel.
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O lançamento de debêntures será uma das opções que a Vale lançará mão nos próximos meses para converter a dívida de curto prazo em longo prazo. `Na medida em que receber os recursos destas operações, a Vale vai amortizando o empréstimo-ponte. Isso ocorrerá até zerar esse passivo de curto prazo`, disse um analista de mercado que acompanha a operação. A previsão do mercado é que a Vale consiga alongar todo o empréstimo-ponte até o segundo trimestre de 2007.
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Agnelli lembrou que a empresa tem uma geração de caixa forte que garante uma situação financeira tranqüila para a companhia. O executivo observou ainda que o mercado de minério de ferro – que responde por mais de 80% da receita da companhia – está aquecido. `A China continua crescendo`, afirmou.
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PRIMEIRO ENCONTRO
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Antes de anunciar publicamente a nova gestão da Inco, Agnelli se reuniu na terça-feira com os funcionários da empresa na sua sede em Toronto. Em um clima descontraído, o executivo se apresentou e esclareceu as principais dúvidas de seus novos subordinados – a maioria relacionada à estabilidade dos empregos e alterações nos projetos de desenvolvimento. Dirigindo-se a uma platéia de mais de 80 empregados, ele reiterou que o atual presidente-executivo da Inco, Scott Hand, permanece no cargo. Também assegurou que não há previsão de demissões.
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MÔNICA CIARELLI, CHIARA QUINTÃO, AGNALDO BRITO e CRIS MEDEIROS, ESPECIAL PARA O ESTADO, DE TORONTO
O Estado de São Paulo