Vale terá presidente e diretor financeiro brasileiros na Inco
02/01/07
RIO – A Vale do Rio Doce já definiu sua equipe de comando para a mineradora de níquel canadense Inco, adquirida por US$ 17,6 bilhões em outubro. Murilo Ferreira, que ocupava o cargo de diretor-executivo da área de participações, desenvolvimento de negócios e energia da Vale vai assumir a presidência executiva (CEO) no lugar do canadense Scott Hand, que deixa a empresa. Leonardo Moretson, com 20 anos de atividades na mineradora brasileira, onde dirigia o departamento de controle interno da companhia, será diretor executivo de finanças da CVRD Inco. A idéia da Vale é manter uma boa parte da diretoria com executivos canadenses. Este ano, Murilo Ferreira completa 30 anos de carreira na Vale, onde ingressou em 1977, agregando vasta experiência em várias áreas. Em 1998, assumiu a direção do Departamento de Alumínio. Foi presidente da Albras (Alumínio Brasileiro S/A) e da Alunorte (Alumina do Norte do Brasil S/A) e conselheiro da Mineração Rio do Norte (MRN) e da Valesul Alumínio S/A. Formado pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ferreira tem cursos de especialização nos Estados Unidos e Suíça. O novo CEO da CVRD Inco acompanhou ” desde a primeira hora ” o processo de compra da canadense, negócio que posicionou a Vale como segunda maior mineradora diversificada do mundo. Logo que a Vale fez a oferta pela Inco, Ferreira viajou para o Canadá ao lado de José Lancaster, diretor-executivo da área de não-ferrosos, fazer o processo de aproximação da Vale com as autoridades canadenses e com a direção da Inco. Em um segundo momento, após adquirir 70% das ações da segunda maior produtora de níquel do mundo, a Vale criou uma comissão de direcionamento, de curta duração, para fazer o processo de transição, da qual Murilo, junto com Lancaster, liderava a equipe pelo lado da CVRD. Esse período de pré-gestão colegiada lhe propiciou conhecimento mais profundo da nova empresa. Ferreira e Moretson assumirão suas funções em meados de janeiro, depois que a Vale incorporar a Inco, batizando-a de CVRD Inco Limited. A incorporação será pauta da assembléia geral especial dos acionistas da Inco, que acontece amanhã, dia 3. Durante a reunião, será acertada também a aquisição de 100% dos papéis da Inco pela Vale, que até agora detém 87,78% do capital da canadense. Os 12,2% restantes serão obtidos em operação de emissão de ações preferenciais da nova empresa (CVRD Inco). Os papéis serão trocados com os detentores das ações residuais da Inco e compradas pela Vale a 86 dólares canadenses, conforme oferta original de compra feita em agosto pela mineradora brasileira. Toda esta negociação, a maior já feita por uma companhia latino-americana com uso do mercado financeiro internacional, deverá estar fechada em meados de janeiro, quando está previsto acontecer a liquidação financeira da operação Inco. Dos US$ 17,6 bilhões que a Vale propôs pagar à vista pela Inco – derrubando propostas de dois concorrentes -, US$ 14,6 bilhões foram obtidos por meio de empréstimo-ponte de dois anos, tomado com quatro bancos europeus: Credit-Suisse, Santander, ABN Amro e UBS. O restante será coberto com recursos próprios. A Vale já completou com sucesso o refinanciamento de 84% do empréstimo-ponte através de três operações no valor total estimado de US$ 12,3 bilhões, alongando a dívida para quase 10 anos e reduzindo o custo médio de endividamento (antes do imposto de renda) para nível inferior a 7% ao ano. Com este alongamento, a Vale garante sua nota de grau de investimento junto as agências de classificação de risco.
Valor Econômico