05/04/07

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) suspendeu o fornecimento de minério de ferro a 18 empresas de ferro-gusa do Parque Guseiro, nos Estados do Pará e do Maranhão. A decisão, segundo o diretor de Minerais Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, foi tomada porque essas companhias usam madeira originária de desmatamento para a fabricação de carvão vegetal ? matéria-prima para o gusa ? e são acusadas de empregar mão-de-obra escrava. O executivo afirmou que este será o procedimento da mineradora com os clientes que desrespeitarem as legislações ambiental e trabalhista, a partir de agora.
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A suspensão dos contratos com os 18 guseiros totalizam 6 milhões de toneladas anuais, cerca de 2% da produção da Vale. A medida deve ter impacto modesto na geração de caixa da empresa, já que esse minério seria facilmente deslocado para o mercado, num momento de elevada demanda pela commodity. As conseqüências para a Vale serão políticas e jurídicas.
Por um lado a decisão pode não ser bem-recebida por órgãos fiscalizadores, uma vez que é uma resposta justamente à inabilidade do governo em impedir práticas abusivas nas esferas ambiental e trabalhista. Por outro, é esperada contestação dos ex-clientes na Justiça, pois os contratos da Vale com os guseiros são de longo prazo e serão rompidos unilateralmente.
?Há empresários fortes na região. Vai ter justiça, vai ter mandado de segurança. Mas não dá para ficar esperando uma solução municipal ou estadual?, disse Martins. Segundo ele, o Ministério Público e o Ibama estão cientes do problema, mas pouco tem sido feito para coibir as práticas ilegais. Como a Vale não tem função de fiscal e preza sua imagem, decidiu tomar uma atitude mais drástica. O fornecimento de minério aos guseiros do parque que funcionam dentro da legalidade será mantido.
No exterior, a Vale está em desvantagem na disputa pela mineradora indiana de Sesa Goa, segundo informou o jornal indiano Economic Times. A Arcelor Mittal e a indiana Aidtya Birla estão à frente na corrida pela compra de 51% da mineradora, controlada pela japonesa Mitsui, segundo a publicação.
A australiana Rio Tinto recuou depois que a Índia criou taxa de US$ 7 por tonelada sobre exportação do minério de ferro. As duas empresas líderes na disputa devem ter oferecido 2 mil rúpias por ação, uma queda ante as 2,5 mil oferecidas antes da criação do imposto. A Sesa Goa tem minas nos Estados de Goa, Karnataka e Orissa, e é a maior exportadora privada de minério de ferro da Índia.

DCI