26/01/09

26 de Janeiro de 2009 – A Companhia Vale do Rio Doce quer ajudar a estruturar melhor a vida das comunidades onde atua. Para alcançar o objetivo, montou um projeto inovador baseado no tripé: desenvolvimento humano e econômico, infraestrutura e segurança. A articulação do processo ficará a cargo da Fundação Vale, agente social da empresa que já beneficia mais de meio milhão de pessoas.
“Nosso objetivo é assegurar a essas populações ganhos permanentes, dos quais elas possam se apropriar independentemente da Vale. Estamos acabando com a era assistencialista, em que realizávamos programas importantes, mas pontuais, para realizarmos trabalhos estruturantes”, afirma Demian Fiocca, diretor-executivo de Gestão e Sus-tentabilidade da companhia, a segunda maior mineradora diversificada do mundo. Até 2012, a Vale investirá US$ 1,4 bilhão em projetos sociais nas regiões onde está presente.
Segundo Silvio Vaz, diretor-presidente da Fundação Vale, a proposta funcionará como uma engrenagem, para que cada parte do tripé estimule o funcionamento da outra. O primeiro vértice é o desenvolvimento humano e econômico a partir da educação profissionalizante, do esporte e da cultura, que beneficiará 30 mil crianças e jovens quando as 30 unidades da Estação Conhecimento estiverem prontas até 2012.
A Estação Conhecimento – Núcleo de Desenvolvimento Humano e Econômico é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e foi cons-tituída nesse modelo para proporcionar a participação direta da comunidade. A organização tem como parceiro gestor a Fundação Vale e conta também com a parceria das prefeituras e da sociedade civil organizada. A idéia é proporcionar um legado de conhecimento às comunidades, para que elas possam ser capazes de protagonizar o seu próprio desenvolvimento, em longo prazo, quando a mineração não estiver mais presente.
No vértice infraestrutura, a Vale fixou o objetivo de reduzir os déficits de infraestrutura urbana e habitacional dessas cidades. E a terceira ponta do tripé, a segurança, será alcançada a partir do combate às invasões urbanas, inibindo a favelização.
Educação para o mercado
A Estação Conhecimento amplia o conceito da escola tradicional, porque trabalha com a visão de desenvolvimento humano e econômico da sociedade integrada ao mercado. O programa atua no desenvolvimento físico, com esporte de alto rendimento (atletismo, judô, futebol e natação); emocional, por meio da cultura (teatro, dança, música e artes); e intelectual, através da qualificação profissional. Esse último item aborda as temáticas relacionadas às demandas da área rural e urbana, de acordo com a realidade de cada região, além do fomento ao empreendedorismo.
Na perspectiva econômica, a Estação apoia a organização da produção em escala empresarial, oferecendo orientação técnica para melhoria da qualidade e padronização da produção. A idéia é disponibilizar um módulo de produção que seja referência para a comunidade, até o processamento e a comercialização dos produtos.
A primeira Estação Conhecimento foi inaugurada em Tucumã, no sudeste do Pará, em outubro do ano passado (veja box) . Esse núcleo enfatiza a qualificação profissional e a geração de negócios para atender às demandas urbanas. Os alunos têm aulas de hotelaria (recepcionista e camareira), informática, saúde (técnico em enfermagem), construção civil (pedreiro, eletricista, auxiliar de carpintaria e pintor) e serviços (atendimento ao público e garçom).
Esporte
Já as aulas de esportes estão vinculadas ao programa Brasil Vale Ouro, que tem como desafio descobrir novos atletas nas cidades onde a Vale atua. Aqueles que se destacarem terão oportunidade de avançar em seus treinamentos, até atingirem nível olímpico. Para isso, a Fundação Vale vai providenciar e viabilizar as transferências desses talentos para centros maiores, regionais e um nacional. O Centro Nacional de Excelência Brasil Vale Ouro, resultado de uma parceria com os ministérios da Defesa e dos Espor-tes, ficará em Deodoro, no Rio de Janeiro. A intenção é que o Brasil tenha mais e mais campeões olímpicos e um número maior de medalhas nas Olimpíadas de 2016.
Qualificação local
O diferencial da proposta da Estação Conhecimento é a transferência de conhecimento de profissionais renomados para pessoas da própria localidade. A cessão de funcionários concursados das prefeituras para o programa reforça significativamente as chances de esse aprendizado permanecer na localidade.
“A Vale teria recursos financeiros para disponibilizar funcionários para a Estação Conhecimento, mas o legado de conhecimento para o poder público local seria prejudicado”, afirma Silvio Vaz. “A maior probabilidade de absorção do aprendizado na localidade é contar com funcionários públicos de carreira, que têm mais estabilidade diante das mudanças políticas”.
Na Estação Conhecimento de Tucumã, a supervisão do atletismo, por exemplo, cabe aos atletas Conceição Geremias, Ronaldo Dias, Rita Geremias e Clodoaldo Lopes. Em 1983, Conceição bateu o recorde sulamericano do heptatlo. Somente em 2008, durante os Jogos Olímpicos, a marca foi superada por outra brasileira, Lucimara Silvestre. Clodoaldo, campeão brasileiro e sul-americano de atletismo várias vezes, foi finalista nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, na modalidade dos três mil metros com obstáculos.
“O programa será, sem dúvida, o principal formador de recursos humanos e de empreendedores locais, que poderão contribuir na execução das obras de melhoria da infraestrutura da região”, diz Vaz. De acordo com ele, o núcleo trará benefícios imediatos à comunidade. Um exemplo são os convênios que serão firmados com as prefeituras para a construção de casas populares.
“As prefeituras e a Fundação Vale entrarão com o material e a captação de recursos para financiamento de infraestrutura e habitação. Já os aprendizes da Estação Conhecimento terão a oportunidade de aprender, na prática, os ofícios de pedreiro, eletricista e pintor, orientados por profissionais, ajudando na melhoria da qualidade de vida das cidades. A partir daí, poderemos melhorar as condições de segurança nesses municípios”, completa Vaz.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 2)(Cláudia Lobo e Sérgio Aguiar Matos)

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