Vale recua na briga por reajuste
04/11/08
Rio de Janeiro, 4 de Novembro de 2008 – Depois de anunciar cortes de 10% na produção, a Companhia Vale do Rio Doce (Vale) recuou na briga por aumento de preços do minério de ferro. A mineradora queria reajuste extra de 12% sobre os valores do insumo vendido às siderúrgicas chinesas nos contratos deste ano, mas a crise financeira e o desaquecimento na demanda puseram fim às negociações.
“Tudo o que eu posso dizer é que nós retiramos o pedido do aumento de 12%”, afirmou o presidente da Vale, Roger Agnelli. O executivo negou a possibilidade de reduzir o preço do minério de ferro para as siderúrgicas. Em vez disso, a empresa diminuiu a oferta de minério em 30 milhões de toneladas – para não ser forçada a uma “liquidação”, conforme explicou Agnelli na semana passada.
De acordo com agências internacionais, a Baosteel, declarou que o pedido da companhia brasileira, de reajuste, ocorreu em um momento impróprio, tendo em vista que as siderúrgicas chinesas são impactadas pela desaceleração na economia mundial.
Em apresentação dos negócios da Vale para analistas em Nova York, Agnelli também desmentiu rumores de que a mineradora estaria pagando custos de transporte do minério para os clientes asiáticos. Na teleconferência, o executivo disse que a companhia pode segurar a produção porque não precisa correr para colocar dinheiro em caixa já que está capitalizada e em muito boa forma, disse. Os recursos são suficientes para que a empresa mantenha os ambiciosos planos de investimentos. “Vamos concluir todos os projetos que começamos, de expansão, infra-estrutura e logística.” Agnelli prevê o fim da crise financeira no segundo trimestre de 2009. A partir daí, segundo ele, a demanda por minerais voltará a crescer. “Alguns acham que a crise pode durar dois anos. Eu acho que os próximos três ou quatro meses terão uma intensidade fortíssima, e a recuperação poderá vir no segundo trimestre de 2009.”
Redução
A Vale anunciou na sexta-feira a interrupção da produção de minério de ferro em algumas unidades no Brasil e em mais quatro países. A companhia também suspendeu a produção em algumas unidades fora do Brasil, devido à queda na demanda por minérios e alguns tipos de metais. Além de ferro, a empresa já iniciou cortes na produção de manganês, alumínio, pelotas. A empresa concedeu férias coletivas que poderão durar de 15 a 20 dias, dependendo do lugar, para mais de dois mil funcionários. “É um aperto momentâneo. O mercado tende a um rearranjo fortíssimo, então em grandes mercados como a China as siderúrgicas estão cortando a produção. A construção civil caiu e não tem porque continuar a produzir aço para deixar no estoque”, afirmou na semana passada. (Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 1)(Sabrina Lorenzi)
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