Vale: projeto de níquel sobe a US$ 2,3 bilhões
28/04/08
O diretor de Relação com Investidores da Vale, Roberto Castello Branco, informou, na na sexta-feira, que o projeto de níquel de Onça Puma, no Pará, sofreu aumento de custos para seu desenvolvimento, passando de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,3 bilhões. De acordo com o executivo, além do encarecimento dos equipamentos para a área de mineração, causado pela forte demanda do setor, a empresa tem esbarrado na elevação dos custos em reais que, por conta da desvalorização cambial, aumenta as despesas em moeda americana.Situado no município de Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará, o projeto Onça Puma visa o aproveitamento dos depósitos de níquel laterítico localizados nas serras do Onça e do Puma, que se estendem pelos municípios de Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Parauapebas. Estudos revelaram que recursos minerais de 110,32 milhões de toneladas de minério laterítico (saprolítico) com teor médio de níquel contido de 1,72% e 314 milhões de toneladas de níquel limonítico, com teor médio de 0,75% de níquel contido. Ainda na área de níquel, o diretor admitiu que a empresa pode fazer segunda fase do projeto de Goro, na Nova Caledônia.Em relação à queda do lucro da empresa no primeiro trimestre, de 55,8% em relação aos três primeiros meses de 2007, Castello Branco explicou que a maior parte foi conseqüência da desvalorização cambial e de operações de hedge (mecanismo financeiro de proteção). Pela metodologia contábil brasileira (BR Gap), o resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 2,056 bilhões, contribuindo resultado negativo de R$ 208 milhões, principalmente em função das variações monetárias e cambiais, que geraram perda de R$ 622 milhões no período. Já pelo sistema US Gap, a perda foi menor, de US$ 720 milhões.Em relação ao hedge, o executivo esclareceu que a empresa, por orientação das agências classificadoras de risco, resolveu fazer a proteção para 50% da produção de alumínio, 25% para a de cobre. Como o hedge apostava em preços em queda do alumínio, mas os preços subiram, a empresa teve de lançar perdas com a operação em seu balanço, embora o valor não tenha sido totalmente desembolsado. Isto porque os desembolsos com os derivativos só são efetuados quando os papéis vencem.recomendação. Segundo Castello Branco, este hedge está sendo usado desde o início do ano passado, logo após a compra da Inco, que foi no final de 2006. Ele acrescentou que esta foi recomendação das agências classificadoras de risco para garantir que a empresa teria condições de honrar o financiamento para a canadense. `Esta era maneira de manter a Vale sob a nota de Investment Grade. Estes contratos de hedge se encerram até o final do ano e não temos a intenção de renová-los. Não faz parte da política da empresa realizar operações de hedge. A única exceção fica por conta do níquel, que fazemos proteção para 5% de nossa produção. Isto porque compramos no mercado níquel feed, ou seja, derivados do níquel utilizados em alguns de nossos processos. Para se proteger das oscilações de preços destes produtos`, afirmou Castello Branco.As perdas com derivativos atingiram R$ 548 milhões no trimestre. A forte volatilidade dos preços dos metais durante o primeiro trimestre do ano, resultou em perdas nas operações com derivativos destinadas à proteção do fluxo de caixa, sendo R$ 223 milhões para o alumínio, R$ 202 milhões para o cobre, R$ 61 milhões para o níquel e R$ 27 milhões para a platina.
Jornal do Commércio – RJ