Vale pode obter 26 mi de toneladas de carvão na África
30/11/06
30 de novembro de 2006 – A Companhia Vale do Rio Doce deverá extrair cerca de 26 milhões de toneladas de carvão por ano da mina de Moatize, em Moçambique, ainda em projeto. O volume é 20% maior do que o previsto em agosto passado. A estimativa faz parte um estudo de viabilidade feito para o projeto, que deve ser a maior mina de carvão do Hemisfério Sul.
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A empresa apresentou o estudo ao governo de Moçambique em 24 de novembro passado, disse ontem em entrevista Antonio Manhica, funcionário do governo e membro da comissão que analisa o projeto.
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Em agosto passado, as empresas contratadas para construir a mina disseram que a unidade produziria 21 milhões de toneladas de carvão por ano. Desse total, cerca de 12 milhões de toneladas poderiam ser exportadas, por meio de ferrovias e portos que estão sendo construídos ou modernizados para o projeto.
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A Vale é a principal interessada na exploração das reservas de Moatize, localizada na província de Tete. Em novembro de 2004, venceu um leilão internacional para explorar as minas da região, por US$ 122,8 milhões, com 95% do consórcio vencedor. O produtor norte-americano American Metals & Coal International, ficou com os 5% restantes.
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Desde o início do ano passado, a companhia vinha realizando a pesquisa de viabilidade, que, segundo o diretor da Vale, Galib Chaim, tem 22,5 mil páginas, contou com mais de 500 técnicos e um investimento de R$ 66,3 milhões.
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A participação da companhia na exploração de Moatize depende agora da resposta do governo moçambicano aos resultados da sondagem, segundo a ministra moçambicana dos Recursos Minerais, Esperança Bias. “O governo moçambicano tem dois meses para fazer a avaliação e esclarecer possíveis dúvidas”, disse.
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Os dados apurados pela Vale apontam para uma capacidade de produção carbonífera de 26 milhões de toneladas de carvão bruto por ano, dos quais podem ser extraídos 12 milhões de toneladas de produto comercializável. Entre os componentes a extrair estão o coque, para a indústria metalúrgica, e o carvão energético, destinado à produção de energia elétrica.
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O potencial energético apurado pela Vale em Moatize pode ser explorado durante 35 anos, 10 anos a mais que o prazo máximo de concessão previsto pela lei moçambicana de minas, que está fixado em 25 anos. Além do potencial existente e da capacidade de produção anual, o estudo avaliou ainda a qualidade do produto, as necessidades do sistema de transporte para o escoamento do carvão, o impacto social e econômico do empreendimento, entre outros elementos.
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Do total que possivelmente será explorado pela Vale, 4,5 milhões de toneladas de carvão devem ser fornecidos à usina termelétrica de 1.500 megawatts (MW), com investimentos de US$ 1,5 bilhão. A energia vai alimentar uma usina de alumínio que a Vale pretende instalar no local, parte de um projeto minero-siderúrgico da companhia para a região. A mineradora também tem projeto para a construção, em parceria, de uma siderúrgica e usinas de pelotização. Além de Moçambique, a Vale possui projetos de exploração de carvão na Austrália, China, Mongólia e Venezuela.
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O interesse da mineradora em carvão não é por acaso. Além de diversificar suas operações, para o professor do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Vale ganha vantagem competitiva, ao fornecer, em vendas casadas, carvão e minério de ferro para siderúrgicas. “É uma operação que as grandes mineradoras já realizam e a Vale não havia desenvolvido porque o País é pequeno produtos de carvão”, disse. (Bloomberg News, Agência Lusa e Luciana Collet – Gazeta Mercantil)
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