Vale pode cancelar obra de R$ 80 milhões em Itaguaí
10/11/06
Vera Saavedra Durão
10/11/2006
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A Companhia Vale do Rio Doce deverá cancelar o investimento de R$ 80 milhões para criar um terminal para embarque anual de 4 milhões de toneladas de soja no porto de Itaguaí (RJ), ex-porto de Sepetiba, porque o município está entravando a liberação dos alvarás para começar a obra, apesar da companhia já ter licença ambiental para levá-la avante, disse Tito Martins, diretor executivo de assuntos corporativos da Vale.
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Segundo seu relato, esta decisão vai implicar numa mudança de postura e de política da Vale em relação a seus projetos de investimento. De 2001 a 2006, os recursos investidos pela companhia vai chegar a US$ 15,2 bilhões.
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Até setembro deste, foram US$ 3 bilhões. A área de ferrosos foi a prioridade, com investimentos da ordem de US$ 1,4 bilhão neste período, seguida pela de alumínio, que absorveu US$ 564 milhões, e a de logística, com US$ 442 milhões.
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Martins citou, porém, as dificuldades que a mineradora vem encontrando para tocar seus projetos, destacando a lentidão dos processos de licenciamento ambiental, legislação ambiental complexa e subjetiva e exigências de dispêndios compensatórios sem critério objetivos. Um dos entraves citados foi o câmbio. Segundo Fábio Barbosa, diretor executivo de finanças da Vale, este ano os custos da empresa já aumentaram US$ 500 milhões em relação a 2005, dos quais 25% são referentes ao câmbio.
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“O cambio é um ponto que afeta todos os exportadores do Brasil em função de termos nossos custos baseados em moeda nacional. O reflexo disso é um aumento de custo. O Brasil é um país com forte presença no mercado internacional em termos de competitividade. Temos liderança na mineração, no agro negócio e em tecnologias mais sofisticadas de aeronave. Mas a excessiva volatilidade do câmbio prejudica as empresas”, disse Barbosa. Para ele, todos os gargalos ao investimento no país entravam o crescimento.
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“É quase um calvário investir no Brasil. Esta é uma reflexão que temos de ter se queremos crescer e criar um ambiente saudável para o investimento. Sem investimento não tem crescimento.” Martins informou que a Vale tem inúmeros projetos atrasados por questões ambientais e de burocracia. Parte do aumento do custo da companhia, este ano, além do câmbio, teve como motivo o atraso de 12 meses no projeto de bauxita de Paragominas, no Pará devido a licenças ambientais. “Isto levou a um descasamento entre a produção de bauxita e a expansão da refinaria de alumina da Alunorte. Tivemos que comprar bauxita de terceiros, no caso da MRN”.
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Outro projeto que sofreu atraso de uma no por causa de licença ambiental foi o de cobre de 118, investimento de US$ 230 milhões. Também está nesta situação a oitava pelotizadora da Vale no complexo de Tubarão, no Espírito Santo. O investimento é de US$ 554,3 milhões e somente ontem, o projeto recebeu o EIA-Rima. “Iniciamos o processo de investimento desta pelotizadora no ano passado, ao mesmo tempo que a da MBR, em Minas. A da MBR já está em construção e ainda estamos aguardando a licença para tocar o empreendimento do Espírito Santo”, contou Tito Martins.
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Para os dois diretores – Martins e Barbosa -, o atraso nos projetos de investimento significa milhares de empregos que deixam de ser gerados no tempo correto, exportações que deixam de ser feitas. “Infelizmente, a conta é negativa”, disse Barbosa.
Valor Econômico