Vale planeja novas aquisições após provável compra da Inco
17/10/06
Rio, 17 de Outubro de 2006 – Agnelli diz que empréstimo será refinanciado e empresa manterá ritmo de compras. O apetite da Companhia Vale do Rio Doce por novos ativos continuará mesmo após a compra da canadense Inco – um meganegócio de US$ 17 bilhões. O presidente da mineradora, Roger Agnelli, disse que o momento na indústria de mineração é de “extrema excitação” e que a Vale manterá o ritmo de aquisições e investimentos após “digerir” a compra da Inco. O ritmo de compras da Vale nos últimos 5 anos foi frenético: 14 aquisições, uma média de três por ano.
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“Onde pudermos achar perspectiva de crescimento estaremos analisando investimentos e aquisições; fizemos várias em cinco anos e vamos continuar nesse ritmo procurando adquirir ativos de qualidade e vida longa e que traga sinergia e presença em novos mercados como é o caso da Inco”, disse o executivo, ao participar de conferência com analistas na Bolsa de Nova York.
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Após consolidar a privatização, em 2000, a Vale deu início a um processo de aquisições que já demandou US$ 3,1 bilhões da companhia. Caemi, Ferteco, Valesul e Alunorte, foram dos mais importantes negócios fechados desde então. A mina de cobre Sossego, também foi adquirida, em 2001. A última compra foi a da Canico, em dezembro do ano passado, para o aumento das reservas de níquel, mineral que teve o preço quintuplicado nos últimos cinco anos e desperta a Vale para a compra da Inco.
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Refinanciamento
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Apesar de ter ampliado novamente o prazo de oferta da compra da Inco, Agnelli comentou que o processo de compra da empresa canadense está acontecendo com naturalidade e sem nenhum percalço. A Vale vai refinanciar o empréstimo que tomará junto a 34 bancos privados para ter mais fôlego de caixa após a compra.
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O crescimento da Vale, segundo Agnelli, faz parte do processo de concentração do setor de mineração. “Por hora estamos aguardando o término dessa aquisição e se formos bem sucedidos acho que a Vale ganha força. Vamos fazer nossa lição de casa para depois analisar outra coisa. O momento é de extrema excitação”, afirmou o executivo após comentar que o processo de fusão reflete a necessidade de grandes investimentos. “Em setores onde há necessidade de muito capital, a concentração é mais que natural”, disse, citando também as indústrias de siderurgia, petróleo e automobilística.
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Críticas
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Indagado sobre as críticas do presidente Lula sobre a privatização da Vale no governo do PSDB, o executivo disse que o ataque do candidato à reeleição se refere ao processo de desestatização e não especificamente à venda da companhia. Em apenas um ano, a Vale é capaz de ganhar mais que o suficiente para cobrir o valor desembolsado no leilão, US$ 3,33 bilhões. “A Vale jamais estaria na posição que está hoje se fosse estatal”, afirmou Roger Agnelli.
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As ações ON da empresa fecharam em alta de 2,2% em Nova York, para US$ 24,38 por ação e de 2,44% no Brasil, com R$ 51,99 por ação.
(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 5)(Sabrina Lorenzi)