Vale: perspectivas de longo prazo seguem positivas
16/12/08
NATALIA GÓMEZA mineradora Vale acredita que as perspectivas para o setor de mineração seguem positivas no longo prazo, apesar da atual retração do mercado. Segundo o Diretor de Relações com Investidores da Vale, Fábio Barbosa, os fundamentos para minério de ferro e metais são favoráveis porque a oferta neste mercado está passando por uma “contração estrutural”, enquanto o consumo voltará a crescer, estimulando demanda e preços.”Ninguém imagina que a China deixará de crescer”, disse. “Esta combinação nos favorecerá, e muito, no longo prazo”, disse o executivo. Barbosa realizou uma palestra em um evento promovido pela Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, mas não quis responder a perguntas dos jornalistas.Segundo o executivo, a China deve crescer entre 7% e 8% em 2009, enquanto a média de crescimento dos países emergentes será de 4% a 5%. Os desenvolvidos devem ter, em média, retração de 1%. “Os preços do aço e do minério no mercado à vista na China pararam de cair, o que é um sinal de que o estímulo está funcionando”, disse.Ele destacou que a Vale está em uma boa posição devido a financiamentos assegurados e aos recursos que captou em julho em uma oferta global de ações. No final de setembro, a Vale contava com US$ 15,3 bilhões em caixa e US$ 10 bilhões garantidos por financiamentos de longo prazo. A dívida da companhia tem um prazo médio de vencimento de 9,3 anos. Em 2009, a empresa tem US$ 318 milhões em amortizações para pagar. Barbosa reiterou que a prioridade da Vale está em investimentos orgânicos, que podem ser ampliados a depender do comportamento do mercado. Segundo ele, a empresa tem 154 projetos de exploração mineral que ainda não foram iniciados.Fusões e aquisiçõesA crise financeira internacional deve inibir o movimento de fusões e aquisições que marcou o setor de mineração nos últimos anos, na opinião do Diretor de Relações com Investidores da Vale. “Veremos uma forte redução das fusões e aquisições, como ficou evidente quando a BHP desistiu de comprar a Rio Tinto”, disse. Ele deixou claro, no entanto, que isso não se aplica à Vale devido a sua boa posição de caixa.O executivo também prevê uma expressiva redução nos níveis de investimento devido à escassez e elevado custo do crédito. Novamente, ele afirmou que isso não se aplica à Vale. “As companhias de menor porte serão mais afetadas pela retração do crédito porque costumavam se financiar por emissões de ações”, afirmou durante a palestra. “Muitos projetos serão adiados ou cancelados por estas empresas”, disse.Outro impacto da crise, para Barbosa, será a dificuldade em realizar operações de hedge, uma vez que o mercado está muito volátil. Mesmo assim, ele mostrou-se otimista em relação ao longo prazo e destacou que já foram colocados US$ 7,6 trilhões à disposição do mercado pelos governos, o que equivale a 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB) global. “A tensão permanece, mas o risco de colapso sistêmico foi reduzido”, disse.O executivo mencionou os cortes de produção e demissões anunciados recentemente pela empresa. “Às vezes decisões difíceis tem que ser tomadas e implementadas”, disse. Segundo Barbosa, a prioridade da Vale é fazer o melhor para seus acionistas. “Nossa contribuição ao País segue positiva mesmo com ajustes que foram realizados. Infelizmente, não há como fazer de outra forma”, afirmou.
Publicado em: 15 de dezembro de 2008, 13h48Alterado em: 15 de dezembro de 2008, 13h48
Agência Estado