Vale: novo sistema de preços acompanha transformações na economia mundial
06/05/10
“A introdução de um novo regime de preços faz parte das mudanças estruturais no mercado de minério de ferro, desencadeadas pelo desenvolvimento econômico das economias emergentes”. Com esse tom, a Vale (VALE3, VALE5) traz em seu Relatório da Administração os benefícios da nova precificação do minério e os motivos que provocaram essa mudança.
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De acordo com o comunicado presente no seu resultado trimestral, a mineradora brasileira enfatiza que entrou em acordo com todos os seus clientes no mundo para alterar os contratos de venda de minério de ferro, cujo sistema de preços baseado em “benchmarks” (índices) negociados anualmente passará a ser atualizado a cada três meses.
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“O novo sistema de preços, conforme acordado com nossos clientes, suaviza a volatilidade diária natural dos preços spot, pois estabelece um preço trimestral baseado na média de três meses dos preços de índices para o período terminando um mês antes do novo trimestre em questão”, diz a companhia brasileira em seu relatório.
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Vantagens
Como forma de se adaptar a um cenário econômico diferente do que aquele visto no século XX, a Vale afirma que o novo sistema permite que as siderúrgicas saibam antecipadamente o preço a ser pago no trimestre seguinte, facilitando o controle de custos e gerenciamento de estoques.
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Além disso, ela afirma que o fator “transparência” deverá prevalecer. “A falta de transparência natural das negociações bilaterais tornou-se fonte de rumores e especulação, dando origem à volatilidade excessiva nos preços das ações”, discorre a empresa. Com as mudanças, os índices poderão ser facilmente acessados em uma base diária, o que ajudará a eliminar boa parte da volatilidade das ações de siderúrgicas e mineradoras negociadas nos mercados, diz a mineradora.
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“Nossa proposta tem várias vantagens importantes sobre as negociações anuais de preços. Ela produz ganhos de eficiência significativos, reduzindo custos e proporcionando o estímulo correto ao investimento, traz flexibilidade com previsibilidade de custos e aumenta a transparência”, conclui a empresa.
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Por que mudou?
A nota da Vale ainda discorre sobre as modificações que ocorreram no contexto macroeconômico mundial e que favoreceram para que essa nova precificação fosse adotada. O método de preços por acordos bilaterais e anuais refletia uma época de pouca participação dos emergentes no mercado, principalmente por conta das crises que esses países atravessaram entre 1980 e 1999.
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No entanto, esse cenário vem mudando gradativamente, refletindo as transformações que ocorreram com os países em desenvolvimento. “Refletindo a transformação estrutural na demanda por metais (…), a participação da China [no mercado de minério de ferro] aumentou de apenas 2,5% em 1985 e 12% em 1999 para 68% em 2009”, destaca a Vale, indicando as fases da nova configuração do setor.
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Com a forte dinâmica que os mercados ganharam durante todos esses anos, os benchmarks atualizados a cada 12 meses apresentavam cada vez mais contraste em relação aos valores spot, já que esses índices não eram capazes de acompanhar o frenético comportamento da oferta e demanda. “A coexistência de dois sistemas de preços deu origem a graves distorções, evidenciadas por grandes e sistemáticas diferenças de preços entre os dois mercados”, afirma.
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Crise em 2008 e sua “colaboração”
Essas distorções ficaram evidentes no agravamento da crise financeiro em 2008, onde, segundo a Vale, ficou claro a incapacidade do sistema atual em lidar com as mudanças repentinas causadas pelo forte choque da demanda decorrente da crise financeira.
“Ficou claro que era hora de mudar a precificação do minério de ferro”, conclui a empresa.
InfoMoney