23/01/09

Brasília, 23 de Janeiro de 2009 – Apesar da crise econômica mundial, a Companhia Vale do Rio do Doce (Vale) mantém a projeção de realizar investimentos de US$ 14 bilhões em 2009. No ano passado, os investimentos da companhia chegaram a US$ 10 bilhões. A garantia foi dada pelo presidente da empresa, Roger Agnelli, ontem, depois de reunir-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília. O executivo evitou falar sobre o conteúdo da conversa, limitando-se a dizer que foi uma “troca de ideias”. Apesar da manutenção do ritmo de investimentos, não há como garantir manutenção de empregos, disse Agnelli. Sobre a situação atual do mercado, o comentário foi bastante claro: “não tem demanda.”
Segundo Agnelli, os efeitos da crise atingiram o mundo inteiro, mas há países com diferentes graus de contaminação, alguns em recuperação, outros ainda apresentando piora da sua saúde econômica. “A China começou a comprar um pouco mais, em compensação o Japão piorou bastante e Europa está piorando. No Brasil caiu fortemente a demanda, mas espero que entre 60 e 90 dias o Brasil comece a comprar de novo, disse Agnelli, falando que no País a crise intensificou-se nos últimos dois meses.
O corte ou a expansão do quadro de funcionários depende do grau de reação da economia mundial aos efeitos da crise. “Vai depender do que vai acontecer daqui para frente. Não queremos demitir”, disse, lembrando que em 2008 foram realizadas 4 mil admissões.
A Vale apresentou aos sindicatos dos trabalhadores da Companhia Vale do Rio Doce (Vale) de Mato Grosso do Sul (MS) e Minas Gerais (MG) proposta da empresa de corte de 50% no salário base e extensão do período de licença remunerada até 31 de maio de 2009. A oferta, apresentada pelo diretor de Recursos Humanos, Marco Dalpozzo, prevê manutenção do emprego e benefícios sociais a todos os empregados vinculados aos sindicatos durante este período. A empresa mantém 350 funcionários em MS e 19 mil nas unidades mineiras.
A oferta da Vale dividiu os sindicalistas de Minas. Das quatro entidades localizadas no estado, os de Mariana e Belo Horizonte consideraram a oferta como uma solução melhor que o desemprego. Segundo o presidente do Metabase de Belo Horizonte e Contagem, Sebastião Alves de Oliveira, a proposta é adequada e que os trabalhadores estão apreensivos. Posição semelhante é do presidente do Sindicato de Mariana, José Horta. Segundo informou a estabilidade até 31 de maio será um ganho. “Até lá as coisas poderão melhorar”, declarou.
Do outro lado está o Sindicato de Itabira. Segundo o seu secretário geral, Sebastião Beiró, a Vale é uma empresa grande e tem condições de oferecer algo melhor para o trabalhador. O presidente do Sindicato de Congonhas, Valério Vieira dos Santos também considerou a proposta acanhada.
Segundo Agneli, o plano apresentado aos sindicatos poderá ser ampliado. “Talvez a gente coloque outros empregados em férias”. Atualmente há 5,5 mil funcionários em licença remunerada.
Agnelli destacou a importância da realização de investimentos como forma de garantir empregos. “Investimento é sagrado. Anunciamos a encomenda de 49 embarcações. Isso vai gerar dez mil empregos. E os planos de investimento estão mantidos até aqui. Somos otimistas”, disse.
O executivo ressaltou a importância do anúncio de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai receber novos R$ 100 bilhões.. A Vale, entretanto, não tem intenção de pleitear esses recursos.
O primeiro trimestre de 2009 ainda é de incertezas, avalia o executivo. “Acho que até abril as coisas tendem a aclarar bastante”, disse o presidente da Vale, destacando que houve paralisia de negócios nos últimos três meses. “Agora é que os negócios voltaram a acontecer. Evidentemente em patamar mais baixo.”, ressaltou o executivo. Agnelli evitou fazer projeções. “O mundo está volátil. Tanto pode melhorar como pode piorar. Se melhorar, ótimo. Se não piorar, muito bom. E se piorar, a gente tem que ver o quanto piorou.”, disse Agnelli.
Colaboraram Durval Guimarães e Jaime Soares de Assis
(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 6)(Ayr Aliski)

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