Vale já estuda nova expansão de Carajás
29/01/07
Vera Saavedra Durão29/01/2007
A Vale do Rio Doce levará para aprovação do conselho projeto de expansão da mina de ferro de Carajás em 30 milhões de toneladas, o que vai exigir um investimento de US$ 1,8 bilhão. No final de 2008, Carajás já estará produzindo 130 milhões de toneladas por ano. Neste ano, atingirá mais de 100 milhões. No total, de suas minas a companhia deverá produzir 302 milhões de toneladas de minério, ante 264 milhões em 2006.
Apesar de também avançar na área de não ferrosos – do total de investimentos de US$ 6,3 bilhões anunciados para 2007, US$ 2,5 bilhões são para essa área, sendo US$ 1,5 bilhão nos projetos de níquel da CVRD Inco – , o foco da Vale ainda é o minério de ferro. Roger Agnelli, presidente da Vale, explicou que a redução dos recursos destinados a investimentos em ferrosos neste ano, de US$ 1,6 bilhão, se deve ao fato de alguns projetos já estarem prontos, como Brucutu. Saíram do portfólio e vão começar a gerar caixa. A Vale tem crescido a um ritmo médio de 18% ao ano em minério de ferro, afirmou.
O cenário desenhado pela Vale para o mercado da matéria-prima do aço nos próximos anos continua favorável. “Ainda vemos um mercado bastante forte, sem nenhum tipo de sinal que possa alterar nossa visão para 2007 e mesmo para 2008”, disse Agnelli. Para 2009 e 2010, a tendência é que o mercado mantenha-se forte devido à produção de aço muito firme e crescente. Muitos países no mundo estão crescendo muito, o que vai requerer investimentos em infra-estrutura, em habitação, novos padrões de consumo (automóveis), cuja produção deve crescer na China e no Japão. “O mundo hoje é carente de infra-estrutura, que vai requerer muito aço. Não estamos preocupados com este horizonte. Lá na frente, quando o inverno chegar, sobreviverá o mais forte”, declarou o executivo.
A Vale não teme concorrência da China no minério de ferro, nem no curto, no médio e mesmo no longo prazo. “A maior mina de ferro da China produz 10 milhões de toneladas por ano. É um minério caro, com infra-estrutura complicada, com teor de ferro bastante baixo. Temos o melhor minério de ferro do mundo, alta escala e temos reservas muito grandes, o que dá garantia aos nossos clientes por várias décadas, talvez séculos, em suprimento”, declarou.
Na área de não ferrosos, o cenário para níquel também é de mercado forte, com investimentos programados para os projetos da antiga Inco de US$ 1,5 bilhão e para os projetos de Onça Puma e Vermelho, no Brasil, de mais US$ 705 milhões neste ano. Agnelli viaja esta semana para Nova Caledônia para discutir com o governo medidas ambientais e rever o orçamento do projeto de Goro, que espera iniciar operação na mesma época de Onça Puma – em 2008/2009.
Em cobre, a Vale mantém sua meta de produzir 650 mil toneladas de metal, disse Agnelli. O projeto 118, em Carajás, está sendo tocado, mas não tem ainda licença de implantação. Salobo obteve licença ambiental em dezembro passado e a Vale deve anunciar em breve o início de suas obras. Mas, todos estes projetos requerem energia. Para isto, a Vale tem plano de construir várias térmicas a carvão no país, principalmente em locais ao lado de portos, como Barcarena, Pecém, São Luís e Vitória, para auto-consumo.
“Estamos conversando com o governo federal para que possamos implantar essas térmicas e liberar energia de Tucuruí para suprir nossas necessidades no Norte, onde temos grande concentração de projetos e necessidade futura de consumo de energia”. A intenção da Vale é fazer já a térmica a carvão de Barcarena, com potência de 600 MW, para reduzir o custo de transmissão de energia, que a seu ver está muito elevado. “Estas térmicas serão limpas, com filtro, sem ferir o meio ambiente”, garantiu.
Agnelli disse que está acompanhando pelos jornais a disputa da CSN para aquisição da Corus. “Eu torço para que eles sejam bem-sucedidos”. Sobre o contrato entre a Vale a siderúrgica, que dá à mineradora direito de preferência sobre o minério excedente de Casa de Pedra, afirmou: “Se no contrato é previsto que as controladas da CSN têm direito de levar o minério, a Vale vai acatar o que foi firmado. Caso contrário, temos o direito.” E completou: “As cláusulas não respeitadas, vamos ter que discutir”.
Valor Econômico