Vale e siderúrgicas garantem 2º pregão consecutivo em alta
06/01/09
No acumulado de 2009, índice supera os 10% enquanto dólar cai para R$ 2,25
São PauloVale, Petrobras e siderúrgicas garantiram à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) seu segundo pregão consecutivo de alta, acumulando nos dois primeiros pregões de 2009 ganhos superiores a 10%. Tal desempenho fez com que a bolsa registrasse a maior pontuação desde 14 de outubro de 2008 (41.569,00 pontos), acima dos 41 mil pontos. A bolsa brasileira descolou dos mercados americanos, que operaram em terreno negativo. O câmbio cedeu para R$ 2,25, menor nível desde novembro. Analistas destacaram que o relativo otimismo dos investidores com “a troca de guarda” nos EUA estimulou o retorno às compras. O volume financeiro ontem somou R$ 4,243 bilhões. No mercado de câmbio, o dólar esteve em baixa ante o real em meio a volumes de negócios reduzidos pela ausência de alguns investidores, que ainda estariam planejando a realocação de posições neste início de ano. A queda mais forte do dólar à vista ocorreu à tarde, sendo que a mínima intraday de R$ 2,250 (-3,60%) foi registrada logo após o Banco Central vender em leilão US$ 650 milhões. Contudo, para um operador de tesouraria de um banco europeu, esse declínio acentuado amparou-se principalmente em um movimento de abertura de posições vendidas no mercado de dólar futuro por players locais e estrangeiros. No fechamento, o dólar pronto estava perto da mínima, em baixa de 3,38%, cotado a R$ 2,255 no balcão. CommoditiesSegundo um operador, favoreceu o resultado da Bovespa o setor de mineração e siderurgia com a notícia de que o governo da China permitirá o chamado “toll trading” de cobre, alumínio e níquel a partir de 1º de fevereiro, que se refere à importação da matéria-prima para processamento e posterior exportação como produto de valor agregado. Essa operação se qualifica para tratamento tributário preferencial, como isenção de tarifa alfandegária e imposto sobre valor agregado. Esta informação sinaliza aumento da demanda, puxando as vendas das empresas domésticas desse setor. A volta gradual dos investidores estrangeiros também justificou os ganhos das blue chips e siderúrgicas ontem. O petróleo fechou em alta de 5,33%, aos US$ 48,81. O representante do Irã no cartel, Mohammad Ali Khatibi, declarou ontem que os países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) devem realizar uma reunião extraordinária no Kuwait em fevereiro.Saída recordeA Bovespa fechou 2008 com saldo negativo recorde de R$ 24,629 bilhões em capital externo, o desempenho mais fraco desde 1994, quando a bolsa começou a publicar os dados de movimentação de recursos.Em 30 de dezembro, a Bovespa registrou a entrada de R$ 87,269 milhões. No mês, o fluxo negativo ficou em R$ 439,252 milhões, resultado de compras de R$ 27,495 bilhões e vendas de R$ 27,934 bilhões. No último pregão do ano, o Ibovespa subiu 1,32%, aos 37.550,31 pontos. No mês, o índice paulista acumulou alta de 2,61%, mas no ano o declínio foi de 41,22% – também a pior performance desde 1994.Ao longo de 2008, a fuga de capitais se concentrou entre junho e julho, período em que foi registrada a saída de R$ 15,041 bilhões, enquanto o preço do barril de petróleo se aproximava de US$ 150,00 e a crise do setor financeiro se agravava. O pior resultado até então foi apurado em 2007, com a saída de R$ 4,235 bilhões, e 1998, ocasião em que os estrangeiros retiraram R$ 2,621 bilhões da bolsa.Pior resultadoA indústria automotiva dos EUA desceu ontem mais um degrau no abismo econômico em que já se encontra, com montadoras no país relatando queda de ao menos 30% nas vendas em dezembro em relação ao ano anterior. As cifras sinalizam o pior resultado do setor desde 1992 ? para as três gigantes de Detroit (Chrysler, GM e Ford), o cenário é o pior em quase meio século.A Chrysler teve a maior queda, vendeu 53% menos. A GM, por sua vez, teve a menor queda, com 31%. A projeção era de recuo de ao menos 40%. Outra surpresa foi a queda de 37% da Toyota, número que frustrou os que esperavam que a japonesa ultrapassasse a GM como a líder de vendas nos EUA. (Das agências Estado e France Press)Empresas das Américas perderam valorCento e vinte e duas empresas listadas em bolsas de valores nos Estados Unidos e na América Latina perderam mais de 80% do valor de mercado em 2008, sendo 45 delas brasileiras, aponta balanço divulgado nesta segunda-feira pela consultoria Economática. As 122 companhias representam 6,5% do total de empresas estudadas (1.888).As 122 empresas tinham valor de mercado de US$ 978,6 bilhões depois do fechamento do último pregão de 2007. Um ano depois valiam US$ 115,6 bilhões, com uma perda de 88,2%.O país com mais companhias com perdas acima dos 80% é os Estados Unidos (59), seguido pelo Brasil (45).A empresa com maior queda de valor de mercado nas Américas foi a norte-americana IDEARC, do setor de publicações de páginas amarelas. Ela perdeu no ano passado 99,9% do seu valor e acabou fechando o capital em novembro. Em seguida ficou o banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, com perda de 99,7% ? ele fechou capital em setembro. A companhia com maior perda que se mantém ativa é também a empresa brasileira com maior perda de valor de mercado. Trata-se da Agrenco, do setor de agronegócios. Ela perdeu 98,3% do seu valor de mercado no ano de 2008 ? valia US$ 836,7 milhões em 2007 e fechou o ano passado a US$ 14,5 milhões. (Da Folhapress)Ajuda econômica irá demorar, avisa ObamaCongresso deixou claro que plano de estímulo não será aprovado tão rápidoDe WashingtonO presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem que os americanos não podem esperar de imediato por ajuda econômica, depois que líderes do Congresso deixaram claro que seu gigantesco plano de estímulo econômico não será aprovado tão rápido quanto ele gostaria.Um dia depois de se mudar com a família para Washington, duas semanas antes de sua posse, Obama começou uma série de reuniões com líderes do Congresso, numa tentativa de pressionar o legislativo por uma aprovação relâmpago de seu projeto de resgate da economia.”O motivo pelo qual estamos aqui hoje (ontem) é porque os negócios mantidos pelas pessoas não podem esperar”, disse o futuro presidente à imprensa antes de começar uma reunião com Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes.”Temos um extraordinário desafio econômico pela frente, estamos esperando um relatório sensato até o fim da semana”, acrescentou.Obama se preparava para um encontro, ainda ontem, com os líderes democrata e republicano no Congresso.Enquanto isso, os primeiros detalhes do plano de recuperação econômica elaborado por sua equipe começaram a ser divulgados, a começar pelo impressionante valor: US$ 775 bilhões.O presidente eleito também organiza a aplicação de um significativo corte de impostos para trabalhadores da classe média no valor de 300 bilhões de dólares ? o que corresponde a cerca de 40% da cifra total do projeto de resgate, indicou uma fonte da equipe de transição.O tamanho do corte fiscal pode surpreender alguns analistas ? e pode também ser visto como uma isca para fisgar o apoio dos republicanos para o pacote de estímulo econômico, principalmente no Senado, onde a oposição tem parlamentares em número suficiente para barrar sua aprovação. (Da Agência France Press)
Correio Popular