Vale deverá incorporar a canadense Inco em janeiro
14/12/06
Vera Saavedra Durão
14/12/2006
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A Companhia Vale do Rio Doce inicia 2007 incorporando a Inco como subsidiária integral. Isso acontecerá em 4 de janeiro, quando em assembléia com acionistas fechará a compra dos 100% do capital da empresa. Assim, aprova a fusão da CVRD Canadá com a Inco, nascendo a CVRD Inco, informou Roger Agnelli, presidente executivo da companhia.
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Agnelli embarcou ontem à noite para Toronto, sede da Inco, para fechar o orçamento de 2007 e discutir o plano estratégico. Ele disse que o processo de integração da Inco está indo bem. A transição de controle está praticamente pronto, com reconhecimento da companhia, conhecimento de operações e dos seus trabalhadores.
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“Nestes três meses que estamos lá, já avançamos muito. A partir do momento que tudo estiver estabelecido, com o orçamento e o plano estratégico pronto, tudo começa a andar”, disse. Agnelli contou que a grande questão estratégica que vem afetando as mineradoras hoje, “é gente”. “Não está fácil recrutar e buscar executivos.”
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Sobre os executivos da Inco, confirmou que o canadense Scott Hand será o principal executivo da nova empresa. Disse que alguns profissionais querem sair, mas outros querem ficar. Mas, crê que até o fim de janeiro estará tudo definido, incluindo a diretoria, a nova estrutura formal da companhia e o seu modelo de gestão.
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Ele negou que tenha planos de fazer uma joint-venture com a Xstrata em exploração de projetos em áreas próximas das duas empresas, mas adiantou que já há sinergias em comum, da ordem de US$ 200 milhões, que estão sendo exploradas, principalmente em relação a área de transportes.
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A questão mais complexa envolvendo a Inco é o projeto da Nova Caledônia, que vai exigir investimentos de US$ 3 bilhões. São duas grandes reservas de minério laterítico, que só existem em Cuba e na Nova Caledônia. Agnelli, que esteve recentemente no local, contou que a região vive um processo político de independência da França, da qual é colônia. O país é dividido e há disputas entre o Norte e o Sul.
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O projeto da Inco fica no Norte. Ao Sul, tem um projeto de níquel da Falconbridge (Xstrata). A Vale está discutindo questão ambiental e de relacionamento com as comunidades. “Eu pedi um tempo para eles para avaliar o projeto tecnicamente e estarei lá no final de janeiro para isso. Quero ver o que acontece”, disse.
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O ano de 2006 foi um grande marco na história da mineradora, que atingiu esta semana seu maior valor de mercado, de US$ 68,9 bilhões. A Vale investiu US$ 20 bilhões em aquisições e US$ 3 bilhões em novos projetos. Comprou Inco, Valesul e a mineradora Rio Verde e incorporou a Caemi.
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O endividamento da companhia, com isso, subiu. Só pela Inco pagou US$ 17,8 bilhões. Mas, Fábio Barbosa, diretor executivo de finanças, informou que a operação de alongamento do empréstimo-ponte com bancos está sendo costurada com sucesso. Além das debêntures (R$ 5,5 bilhões a serem lançadas no mercado brasileiro) e dos US$ 3,75 bilhões em bônus colocados no mercado americano, a Vale já conversa com os bancos para negociar pré-pagamento de exportações e lançamentos de bônus híbrido e outros papéis.
Valor Econômico