Vale cogita suspensão do projeto de níquel
08/08/08
A Vale está estudando a possibilidade de suspender temporariamente o projeto de implantação da mina de níquel do Vermelho em Canaã dos Carajás, no Pará. A informação foi dada ontem pelo presidente da mineradora, Roger Agnelli, em entrevista coletiva na qual a diretoria da empresa anunciou os seus resultados referentes ao segundo trimestre deste ano. De acordo com o presidente da Vale, o projeto paraense poderá ser colocado em stand-by, optando a empresa pela implantação de uma mina menor no Piauí.O diretor do Departamento de Ferrosos Norte da Vale, José Carlos Soares, explicou que os dois empreendimentos estão sendo avaliados – o Níquel do Vermelho, no Pará, e o Níquel de São João do Piauí. Os dirigentes da Vale admitiram que pelo menos dois fatores estão influenciando na decisão da empresa de rever o cronograma de implantação do projeto do Vermelho. Um diz respeito às características das minas. O depósito piauiense é bem menor e terá um custo significativamente mais baixo, tanto na implantação quanto na fase de produção.Roger Agnelli admitiu, também, que está pesando na decisão a excessiva demora na concessão do licenciamento ambiental por parte da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará. A Vale iniciou o processo de licenciamento do projeto Níquel do Vermelho em 2005, com a realização das primeiras audiências públicas em Canaã dos Carajás e Marabá. Até hoje, porém, a empresa continua aguardando a expedição da licença prévia. O cronograma original aprovado pela direção da Vale previa a implantação do projeto entre 2006 e 2008, com entrada em operação no final deste ano.O depósito de níquel do Vermelho está localizado na província mineral de Carajás, cerca de 70 km ao sul das minas de ferro de Carajás e 15 km ao leste da mina de cobre do Sossego. A sua capacidade de produção estimada é de aproximadamente 46 mil toneladas por ano de níquel metálico, 2.860 toneladas de cobalto metálico e 500 toneladas de cobre. A mina tem vida útil estimada em 40 anos.Parte da produção local de níquel – entre 10 e 12 mil toneladas por ano -, de acordo com o plano inicial, seria destinada ao mercado nacional, que tem apenas uma usina de ação inox localizada em Minas Gerais. O restante seria exportado para os principais mercados consumidores, que são Estados Unidos, Japão, China e Europa.O investimento estimado pela Vale para a implantação do Níquel do Vermelho é de US$ 1,2 bilhão. Nessa etapa, o empreendimento deverá gerar até 2.800 empregos diretos no pico da obra e seis mil indiretos. Na fase de operação, os estudos da Vale prevêem a manutenção de 556 empregos diretos e 1.200 indiretos. A própria mineradora prevê que 70% das vagas de trabalho deverão ser ocupadas por moradores de Canaã dos Carajás e municípios vizinhos.José Carlos Soares informou ainda que, independentemente da decisão que venha a ser tomada sobre o Níquel do Vermelho, a Vale mantém inalterado o cronograma de implantação de outros dois grandes projetos na região de Carajás. Um é Projeto Serra Sul, com entrada em operação prevista para 2012 e que deverá produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro – praticamente o volume produzido atualmente em Carajás. O outro é o projeto Onça Puma, para produção de níquel no município de Ourilândia do Norte e que deverá entrar em operação no primeiro trimestre do ano que vem.
Investimentos no Pará têm crescimento de 43%
Englobando investimento e custeio, a Vale injetou na economia paraense, no primeiro semestre de 2008, US$ 2,316 bilhões, um aumento de 43% em relação ao montante de US$ 1,617 bilhão investido no mesmo período do ano passado. Em projetos sociais, a empresa, juntamente com suas controladas e coligadas (Albrás, Alunorte, Cadam/Pará Pigmentos e Mineração Onça Puma), investiu 26,3 milhões, valor 625% superior aos US$ 16,2 milhões investidos no primeiro semestre de 2007.Somente na área ambiental, o desembolso da Vale, nos primeiros seis meses deste ano, alcançou a cifra de US$ 57,8 milhões, contra US$ 32,8 milhões investidos no mesmo período do ano passado, o que traduz um crescimento de 76%. A informação foi liberada ontem pela Vale.A coletiva, realizada no escritório central da Vale no Rio de Janeiro e transmitida para suas regionais, teve a participação do presidente da mineradora, Roger Agnelli, do diretor executivo de finanças e relações com investidores, Fábio Barbosa, do diretor de relações com investidores, Roberto Castello Branco, e do diretor do departamento de controladoria, Marcus Severini.A seguir, realizou-se uma entrevista também por vídeo-conferência com o diretor do departamento de ferrosos norte, José Carlos Soares. A entrevista, realizada em Carajás com a participação de jornalistas do sul e sudeste do Pará, foi acompanhada em Belém pelo gerente de representação institucional da Vale, Eugênio Victorasso.
Vale continua crescendo e investindo, diz Agnelli
O presidente da Vale, Roger Agnelli, classificou ontem de ?excelente? o desempenho operacional da empresa no primeiro semestre de 2008. Destacou Roger Agnelli ter havido no período um aumento de produção em 17 dos 18 produtos da Vale, com recorde de produção de oito produtos. Os volumes recordes de produção foram alcançados por minério de ferro, pelotas, níquel, cobre, cobalto, bauxita, carvão metalúrgico e carvão térmico.O bom desempenho da mineradora não se limitou, porém, à produção. De acordo com Roger Agnelli, foi excelente também o desempenho tanto das vendas, com aumento de vendas em todos os produtos, como o financeiro.O presidente da Vale ressaltou que a mineradora continua investindo e crescendo, tendo concluído no primeiro semestre de 2008 nada menos que seis novos projetos de classe mundial, dois dos quais no Pará – Paragominas II, para produção de bauxita, e as fases 6 e 7 da Alunorte, para produção de alumina, no município de Barcarena. A operação da mina de Paragominas teve início em abril de 2007 e produziu 1,9 milhão de toneladas no ano passado. A 2ª fase iniciou as operações em maio e adicionou 4,5 milhões de toneladas por ano à capacidade do projeto.
Frank Siqueira
Pará Negócios