Vale atende governo para negociar Xstrata
08/02/08
A Companhia Vale atendeu às condições do governo para negociar a compra da mineradora Xstrata, revelou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. As transações que envolvem a empresa anglo-suíça prevêem a manutenção do controle acionário da Vale e pesados investimentos no Brasil, principais aflições do presidente Lula e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Coutinho expôs pessoalmente a Roger Agnelli, presidente da Vale, as premissas do Planalto para dar sinal verde à transação. `A preocupação do governo é assegurar controle perene da Vale no Brasil e investimentos no País. Pelas características preliminares que nós vimos, é possível compatibilizar o interesse do governo com o desenho da operação de compra da Xstrata pela Vale`, disse, ao ser indagado sobre as conversas até então sigilosas entre os acionistas. Por meio da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BB) e do BNDES, o governo pode influenciar decisões estratégicas da mineradora, que possui concessão governamental para explorar o subsolo da União. As duas instituições possuem mais de 60% da Valepar, controladora da Vale. O temor do presidente Lula é a transferência do controle da Vale para o exterior diante da necessidade de capitalização para a compra da Xstrata, avaliada em mais de US$ 90 bilhões. Na semana passada, o Bradesco, outro acionista da Valepar, informara que o governo havia dado aval para a continuidade das negociações, mas nem a Previ nem o BNDES se manifestaram. `As condições foram comunicadas e atendidas`, disse Coutinho. Segundo o executivo, entre as modelagens estudadas pela Vale para uma oferta pela mineradora, existem caminhos que conciliam a compra sem atrapalhar a condição de capital nacional no controle. Coutinho sinalizou também que a compra de parte da Rio Tinto por chineses poderá levar a Vale a acelerar as negociações para a compra da Xstrata. Isso porque, segundo ele, uma `clara estratégia da China` para evitar uma concentração do mercado de minérios pode ir além de atrapalhar a compra da Rio Tinto. Depois de levar 9% da Rio Tinto, a chinesa Chinalco pode interferir nas negociações da australiana BHP. Maior consumidora de minérios do mundo, a China não tem interesse em operações de concentração deste mercado.
Gazeta Mercantil