Vale altera nome de mina e barragem em Nova Lima e reforça posicionamento antirracista
05/09/23
O nome da mina e da barragem Capitão do Mato, que fazem parte do Complexo Vargem Grande e estão localizadas em Nova Lima (MG), foi alterado para mina e barragem Horizontes. A mudança reforça a política inclusiva e antirracista da Vale, que busca promover a equidade de oportunidades, a valorização dos profissionais negros e o enfrentamento do racismo. A empresa já formalizou a alteração junto aos órgãos competentes e atualizou as placas de sinalização das estruturas.
No Brasil, os “capitães do mato” eram, em sua maioria, homens pobres e livres que tinham como função capturar e punir pessoas escravizadas em fuga, sendo considerado um termo racista. A mina e a barragem, com o então nome de Capitão do Mato, foram adquiridas pela Vale da antiga Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), em um processo que terminou em 2007. De acordo com os registros da Agência Nacional de Mineração (ANM), a mina iniciou a operação em 1992 e a barragem em 2014. O nome atribuído à jazida de minério de ferro à época, segundo antigos empregados da unidade, fazia referência a uma cobra comum na região, de nome científico Xenodon merremii, mas conhecida popularmente como boipeva (que significa “cobra achatada” em língua tupi) e capitão do mato. Independentemente do motivo, o antigo nome gerava incômodo a diversos empregados das operações de mina e barragem, por remontar à época da escravidão de mulheres e homens africanos retirados forçadamente de seu continente e trazidos ao país nos chamados navios negreiros, durante o período colonial brasileiro.
Para a escolha do novo nome das estruturas da empresa foi realizado um concurso interno para sensibilizar mais empregados para uma cultura diversa e inclusiva. “A mudança no nome da mina é uma ação carregada de simbolismo e que fortalece nosso posicionamento antirracista. Temos o dever de construir um ambiente de trabalho livre de discriminações étnico-raciais e convocamos todas as pessoas a serem ativas no combate ao racismo”, destaca Marina Quental, vice-presidente de Pessoas.
A partir de uma campanha de comunicação interna os próprios empregados escolheram o novo nome: Horizontes, opção mais votada e sugerida pelo analista de operações do Complexo Vargem Grande, João Gomes. “Não podemos esquecer o passado, mas precisamos construir um futuro melhor, baseado na equidade racial. Além de homenagear a bela paisagem do local, pensei no horizonte mais respeitoso e diverso que estamos construindo na nossa empresa e na nossa sociedade”, afirma.
Compromisso com a equidade étnico-racial
A mudança de nome da mina e da barragem para Horizontes é parte de uma atuação comprometida da Vale com a promoção da equidade racial, que teve importantes marcos nos últimos anos. Em 2021, a empresa lançou publicamente um manifesto antirracista e estabeleceu a meta de ter 40% de posições de liderança sênior (coordenadores e acima) ocupadas por empregados negros no Brasil até 2026. A empresa está avançando rumo à meta e encerrou o mês de julho com uma representatividade de 34% nesses cargos, considerando pessoas autodeclaradas negras.
A Vale também desenvolve o Potencializando Talentos Negros, uma capacitação interna para empoderar seus profissionais, estimular a troca de conhecimento e o alinhamento de propósitos de vida e de carreira. O objetivo é acelerar o desenvolvimento de habilidades e competências dessas pessoas, aumentando sua prontidão para ocuparem cargos gerenciais.
Extrapolando os muros da empresa, a Vale abriu, em agosto, a segunda turma do Programa de Aceleração de Carreira para Mulheres Negras, com 50 vagas. O programa, desenvolvido em parceria com consultores especialistas na pauta racial, é online, com aulas ao vivo, gratuito e com duração de cinco meses. A iniciativa é voltada para mulheres negras que não trabalham na empresa e a programação acontece em horário noturno. Para participar da seleção, as candidatas precisam se auto identificar como pretas ou pardas, desejar se autodesenvolver e ter concluído curso superior entre dezembro de 2013 e dezembro de 2019. As inscrições ficam abertas até 28 de setembro e devem ser feitas em www.vale.com/mulheresnegras
Conheça o manifesto antirracista da Vale
Campanhas de conscientização e ações de letramento racial têm sido promovidas pela Vale por meio de eventos, treinamentos e disponibilização de conteúdo para a liderança e força de trabalho. Em 2022 a empresa iniciou o Circuito de Letramento Antirracista – Pequena África, no Rio de Janeiro, que promove uma ponte entre profissionais do ecossistema da Vale, incluindo empregados, estagiários e contratados, e um importante pedaço da história afro-brasileira, a “Pequena África”. Localizada na zona portuária do Rio de Janeiro, a região integra o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana. As visitas são conduzidas por professores de história e guias de turismo que apresentam aos empregados da Vale importantes locais e monumentos, recontando a presença, a história e a herança negra no Brasil, abrangendo também a mineração.
A empresa também conta com grupos de afinidade para temáticas variadas e um deles, criado em 2020, é voltado para o tema da equidade étnico-racial. O grupo é formado por empregados voluntários que têm o objetivo comum de promover discussões, propor ações práticas para a equidade racial e combater os vieses inconscientes e comportamentos discriminatórios por meio da propagação de conhecimento e sensibilização sobre o assunto. Além disso, a Vale tem buscado, cada vez mais, garantir práticas, políticas e processos inclusivos. Com um time de recrutamento letrado e treinado para isso, todos os programas de porta de entrada e recrutamentos em geral levam em conta diferentes dimensões de diversidade.
Enxergando a importância do enfrentamento coletivo ao racismo, a Vale tem se associado a outras empresas comprometidas com a pauta. Desde 2021, a mineradora faz parte do Movimento pela Equidade Racial (MOVER), iniciativa que reúne cerca de 50 empresas e ambiciona gerar 10 mil novas posições de liderança para pessoas negras, além de capacitar 3 milhões de profissionais negros em todo Brasil.
No ano passado, a Vale aderiu ao Pacto de Promoção da Equidade Racial, que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais e multinacionais e da sociedade civil para o tema. Este ano a mineradora passou a fazer parte do movimento Carreiras Com Futuro, que trabalha para disseminar iniciativas de diversidade e inclusão na força de trabalho brasileira, com foco no desenvolvimento de carreira e pertencimento de profissionais negros em todos os níveis de uma organização.