Vale admite negociação com Paranapanema
02/07/08
Monica Ciarelli e Daniele CarvalhoDa Agência Estado
A Vale e a Paranapanema confirmaram ontem que mantêm conversações preliminares para a venda da Caraíba Metais, empresa que responde por 70% do faturamento do Grupo Paranapanema. A negociação foi antecipada na segunda-feira pela Agência Estado e motivou a divulgação de fatos relevantes pelas duas companhias. Os comunicados oficiais sobre a negociação coincidiram com baixas mais acentuadas que a do Ibovespa (2,49%) tanto das ações preferenciais (3,77%) quanto das ordinárias da Vale (4,36%). A grande dúvida hoje dos analistas é sobre que benefício trará a Caraíba – uma processadora produtos acabados de cobre – à Vale, uma mineradora de porte gigante. Em seu comunicado de ontem, a Vale frisou que não mantém negociação para a compra da holding, mas estuda a possibilidade de compra de duas de suas controladas, a Caraíba Metais e, conseqüentemente, de sua subsidiária Cibrafértil, Companhia Brasileira de Fertilizantes. Estariam fora das negociações a Eluma, processadora de semi-elaborados de cobre, e a Taboca Mamoré, que lavra e processa estanho. A Vale ressaltou, no entanto, que não apresentou ainda uma proposta efetiva de aquisição das duas outras subsidiárias. Se o interesse da Vale é questionado, o da Previ – que controla a Paranapanema e participa do controle da Vale – em vender o ativo, não. Ao se desfazer da Caraíba, o fundo de pensão conseguiria recuperar parte dos prejuízos acumulados com a Paranapanema, holding que amarga dificuldades financeiras desde os anos 1990. A holding, fundada por Otávio Lacombe, chegou a ser um dos maiores grupos empresariais do País, reunindo 73 companhias. Mas, atolada em dívidas, foi vendida em 1996 para um consórcio de investidores liderados pela Previ. Desde então, os acionistas já perderam, segundo fontes ligadas à empresa, cerca de R$ 3 bilhões, o que lhe rendeu a fama de `Paranaproblema` no mercado financeiro. No mês passado, os sócios injetaram mais R$ 600 milhões para reestruturar a dívida da empresa e, com isso, deixá-la mais atraente a um possível comprador. Em seu comunicado de ontem, a Vale frisou que não mantém negociação para a compra da holding, mas estuda a possibilidade de compra de duas de suas controladas, a Caraíba Metais e, conseqüentemente, de sua subsidiária Cibrafértil, Companhia Brasileira de Fertilizantes. Estariam fora das negociações a Eluma, processadora de semi-elaborados de cobre, e a Taboca Mamoré, que lavra e processa estanho. A Vale ressaltou, no entanto, que não apresentou ainda uma proposta efetiva de aquisição das duas outras subsidiárias. Custo alto – Apesar de ser o carro-chefe da Paranapanema, a Caraíba Metais não é uma empresa com perfil de gestão nos moldes da Vale. Segundo analistas, a empresa tem custos de produção muito mais elevados do que os da mineradora pelo fato de importar grande parte de sua matéria-prima. `A Vale teria que injetar muito dinheiro para mudar o modelo de gestão da companhia e adaptá-lo ao grupo`, disse um analista que não quis se identificar. Os indicadores financeiros mostram o enorme descompasso entre as empresas . Em 2007, a Caraíba Metais apresentou margem de geração de caixa de 1,4% e a Cibrafértil, de 5,5%, enquanto a Vale, opera com margens superiores a 40%.Outro ponto que chama a atenção dos especialistas é a diferença de escala de produção. A Caraíba Metais encerrou 2007 com cerca de 221 mil toneladas de produtos oriundos do cobre, volume considerado insignificante para a estrutura da Vale.No ano passado, a Paranapanema faturou R$ 4,762 bilhões. A receita da Caraíba Metais foi de R$ 3,506 bilhões. A Cibrafértil faturou R$ 75,57 milhões. Hoje, as ações da Paranapanema, que subiram muito na segunda-feira, caíram 3,87% .MMX. A MMX Mineração anunciou ontem a compra, por US$ 193,3 milhões, de uma mina da LGA em Bom Sucesso (MG). O negócio, realizado por meio da subsidiária AVG Mineração, será pago em quatro parcelas até janeiro de 2010. A mina fica a 200 km de Belo Horizonte e a 250 km do porto da LLX. `Desembolsos complementares poderão ser realizados a depender dos resultados das sondagens que serão feitas`, diz a empresa em nota.
Jornal do Commércio Brasil – RJ