Vale abrirá nova mina em MG, na área onde está MMX
20/12/07
O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, visitou ontem o governador Aécio Neves, oficialmente para desejar-lhe um feliz Ano Novo. Não se esqueceu de levar também um grande presente de Natal, ao anunciar a realização de novos investimentos em Minas, já a partir de janeiro, que transcenderão em muito os R$ 2 bilhões contemplados no orçamento da empresa para o estado. O executivo anunciou a abertura de novas minas de minério de ferro com destaque para uma localizada em Conceição do Mato Dentro, mesmo município onde, no momento, a MMX Mineração e Metálicos, de Eike Batista, inicia suas atividades, para produzir 28 milhões de toneladas daquele mineral.O anúncio surpreendeu os meios minerais de Minas, que desconheciam a existência de jazidas de propriedade da mineradora naquela região no Vale do Jequitinhonha e nas dimensões gigantes anunciadas pelo executivo. Como as ocorrências minerais estão a pelo menos 200 quilômetros de distância da Estrada de Ferro Vitória-Minas, que leva o minério para o porto de Tubarão, no Espírito Santo, o executivo informou que uma das possibilidades será a construção de um mineroduto para a realização do transporte.Segundo Agnelli, o principal entrave para a construção do mineroduto é a ocorrência de pouca água na região, insumo indispensável para levar o minério nas tubulações até o porto. Técnicos consultados por este jornal consideram o problema pouco relevante para a mineradora, pois a subsidiária da Vale Samarco acabou de concluir a duplicação de um mineroduto que parte de Mariana, na região Metropolitana de Belo Horizonte, até Anchieta, no litoral sul do Espírito Santo, num percurso de cerca de 600 quilômetros. Esse mineroduto, que será inaugurado nos próximos meses, passa a menos de 100 quilômetros das jazidas da Vale em Conceição do Mato Dentro. Além da conexão ser extensão relativamente pequena, há espaço na área de domínio da mineradora para se colocar muitos outros tubos. A expansão do mineroduto existente acrescida de mais cem quilômetros até a nova jazida, segundo estimam esses técnicos, não ficará por menos de US$1 bilhão, e poderá ser executada num prazo inferior ao da MMX, que tem previsão de 18 meses de obras, mas ainda não tem licença ambiental aprovada.Para superar o problema da escassez de água, eles sugerem a ampliação do mineroduto da Samarco no trecho entre Conceição do Mato Dentro e Mariana, para transporte exclusivo daquele líquido. A região de Mariana é uma área de grandes nascentes de rios brasileiros, incluindo o Rio Doce.Anel ferroviárioAgnelli informou que ele fará uma reunião de trabalho com o governador Aécio Neves logo nos primeiros dias de janeiro, para detalhar os novos investimentos no estado. “Vamos desengavetar muitos projetos que não se encontram previstos no orçamento atual da companhia”, declarou. Um deles, segundo informou o executivo, será a construção de um anel ferroviário para substituir a atual ferrovia que corta Belo Horizonte, de traçado muito antigo, ainda do tempo do império, e que provoca grande congestionamento no tráfego das composições.Até recentemente, as grandes empresas mineiras se queixavam que uma composição demorava até uma semana para transpor a capital mineira, numa extensão inferior a 40 quilômetros de extensão, pois ficava dias aguardando, em fila, a sua hora de realizar a demorada travessia.A obra é uma reivindicação dos industriais do estado há quase 50 anos. “Queremos fazer um traçado mais reto, distante de áreas atualmente invadidas e que acabe com o gargalo que é um dos maiores do País”, declarou o presidente da Vale.
Gazeta Mercantil