14/12/09

Descoberta ainda em 1976, somente este ano, a mina de urânio e fosfato de Itataia, deverá começar a ter sua exploração econômica tornada realidade.Em janeiro, a empresa responsável pela construção da usina localizada no município de Santa Quitéria, a Galvani, deverá receber do Banco do Nordeste (BNB) o financiamento para a instalação do empreendimento. A instituição de fomento financiará R$ 560 milhões para o projeto, a serem pagos em duas parcelas, sendo a segundo somente em 2011. Esse valor representa cerca de 70% do total do empreendimento, estimado em R$ 800 milhões.Operação em 2012A assessoria de imprensa da Galvani informou que a empresa não detalha que tipo de trabalhos começarão a ser realizados em 2010. Entretanto, de acordo com o contrato assinado com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que tem o monopólio da exploração de urânio no País, a usina deverá entrar em operação em 2012. As empresas precisam ainda garantir todo o licenciamento ambiental necessário para o início das obras, requisito necessário também para receber o financiamento.ImpulsoDe acordo com a Galvani, o empreendimento vai impulsionar, a partir do fosfato, a produção de fertilizantes agrícolas e nutrição animal e a geração de energia elétrica a partir do urânio.A previsão é que a operação do Consórcio Santa Quitéria significará a quadruplicação da produção de concentrado de urânio, usado pela INB na produção do combustível nuclear e um aumento de 10% na produção brasileira de fosfatados.Segundo o presidente da Galvani, Luiz Antonio Bonagura, essa é uma iniciativa estratégica para o País por permitir uma redução nas importações brasileiras de fosfatados, que hoje representam cerca de 50% do consumo nacional.O presidente da INB informa que, com a mineração em Santa Quitéria, o Brasil terá mais 1.600 toneladas anuais de urânio, permitindo à empresa o atendimento das novas usinas a serem construídas no País, de acordo com o Programa Nuclear Brasileiro.EmpregosA usina deverá gerar cerca de três mil empregos diretos e indiretos e associados na região, com a implantação das atividades básicas e de apoio que se instalarão na localidade.O projeto”O Projeto Santa Quitéria será constituído por instalações que funcionarão de forma integrada, no que se refere à destinação da produção de cada unidade”, explica a assessoria de imprensa da Galvani.”As instalações serão compostas por uma Unidade de Extração Mineral, que visa à lavra a céu aberto do minério extraído da jazida, por uma Unidade de Fosfato, constituída de seis instalações industriais, com capacidade na fase inicial para 180.000 toneladas/ano de P2O5 [fosfato] e na fase final de 240.000 toneladas/ano; por uma Unidade de urânio, que visa à precipitação, embalagem e estocagem do urânio com capacidade inicial prevista para 1.200 toneladas/ano e capacidade final prevista para 1.600 toneladas/ano a partir do quinto ano e por Unidades de Apoio e Utilidades”. (SS)CASO VENÇA LICITAÇÃOEstaleiro Promar será instalado no CEAinda não está garantido, mas o ano de 2010 pode marcar o início do reforço da indústria naval no Ceará. O Estaleiro Promar Ceará participa da licitação da Transpetro para a construção de oito navios gaseiros e, caso saia vencedor, instalará a indústria na enseada do Mucuripe. Informações do mercado mostram que o “estaleiro virtual” (já que só existe legalmente) já apresentou o menor valor na licitação, e que agora estaria negociando este preço com a subsidiária da Petrobras. De toda forma, o resultado do trâmite sai ainda este mês.O Promar Ceará prevê recursos de R$ 220 milhões em sua instalação, e foi criado pela PJMR, mesma empresa que criou o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, hoje o maior da América Latina.SóciosA empresa ainda prospecta novos sócios para a instalação do empreendimento. Um deles pode ser a coreana STX, que atuaria como parceira tecnológica do projeto. O presidente do estaleiro STX Brazil Offshore, Waldemiro Arantes, já confirmou o andamento das negociações com a PJMR, e avisou que estas andam bem encaminhadas. O STX Brazil Offshore, empresa que integra o braço do grupo coreano para a construção de navios de apoio a plataformas, possui hoje seis navios em carteira, o que garante a operação da planta industrial até 2012. As embarcações demandam investimentos de US$ 1 bilhão.Nova faseHoje, o Ceará possui a Inace, estaleiro que produz navios de menor porte, mas de grande valor, como iates e navios de guerra. Com o novo estaleiro, o Ceará passaria para uma nova fase, podendo produzir embarcações de médio porte, como barcos de apoio e navios petroleiros.A instalação do Promar Ceará, caso seja confirmado como vencedor da licitação, ainda enfrentará um outro empecilho em 2010: garantir a sua construção da enseada do Mucuripe.Durante este ano, a discussão foi efusiva, mobilizada pelo entendimento de que a área não é a mais apropriada para este empreendimento, até porque conflita com os projetos do Plano Diretor de Fortaleza, que projetam o terminal de passageiros do Porto do Mucuripe na área. A discussão esfriou à espera do resultado da licitação. (SS)

Diário do Nordeste