Usiminas avalia investir em minério próprio para ampliar margem de lucro
28/05/07
A sobrevalorização do real frente ao dólar e a concentração do mercado de minério de ferro nas mãos de poucas empresas vêm achatando a lucratividade do Sistema Usiminas, formado por Usiminas e Cosipa. A redução nas margens, diante da falta de concorrência do mercado fornecedor de matéria-prima, e as perdas nas vendas, em decorrência da invasão dos produtos importados no Brasil, pode fazer com que o maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina, invista na aquisição de ativos de mineração em Minas Gerais.
A empresa não revela os impactos provocados pela concentração do mercado de minério de ferro no País. Porém, diante da crescente onda de fusões do setor, a companhia estuda medidas para conseguir uma negociação mais equilibrada com os fornecedores de insumos e garantir um produto final com uma margem de rentabilidade maior.
Uma das saídas seria a verticalização dos processos produtivos. A aquisição de ativos de mineração poderia garantir o abastecimento de sua usina de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, com insumos mais baratos. Há dez anos, o minério de ferro para o laminado a quente (aço semi-acabado) respondia por 8% do custo de produção. Hoje, é de cerca de 10%.
Do orçamento de compras da Usiminas, de R$ 1,6 bilhão previsto para este ano, R$ 833 milhões serão despendidos apenas para a aquisição de minério. A Companhia Vale do Rio Doce Vale (CVRD), BHP Billiton e Rio Tinto detêm 78% do mercado global do insumo. No País, o percentual de participação da Vale supera 90% ? a empresa também domina o sistema logístico da produção.
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A hegemonia da mineradora começará a ser diluída somente a partir de 2009, quando entra em operação o sistema Minas-Rio, complexo minerário da MMX e da Anglo American.
Além de elevar suas margens entrando no negócio de mineração, a Usiminas minimizaria as perdas nas vendas provocadas pela queda no dólar. Afinal, as montadoras brasileiras já começam a optar pelo aço importado com a intenção de reduzir os custos.
A Fiat Automóveis, instalada em Betim, na Grande Belo Horizonte, por exemplo, dentro de 30 dias receberá o primeiro lote de chapas de aço feitas na Coréia. Elas chegarão 15% mais baratas que as chapas produzidas em Ipatinga, pela Usiminas, principal fornecedora do setor automotivo brasileiro.
DCI