US$ 90 mi investidos em exploração de cobre
11/08/08
Mina de cobre em Viçosa do Ceará se tornou viável e já conta com investimentos de quase US$ 90 milhõesO crescimento acelerado de países como a China e a Índia tem elevado a demanda mundial por minérios e feito os preços destas commodities elevarem-se de forma lancinante. Essa realidade internacional se reflete de forma positiva no Ceará. Como resultado disso, uma mina já conhecida há bastante tempo em Viçosa do Ceará se tornou viável economicamente e já conta com investimentos que chegam a quase US$ 90 milhões para a exploração do cobre, mineral de ampla utilização comercial.Os recursos estão sendo aportados pela Extrativa Fertilizantes S/A, uma das quatro maiores empresas de micronutrientes do Brasil, e envolvem os gastos com instalação, acesso à energia, obras de construção civil, compra de maquinário e pagamento de trâmites legais para exploração da área.A mina possui reservas já sondadas de 50 milhões de toneladas do chamado concentrado de cobre. De acordo com o gerente da mina, o engenheiro Augusto Bolivar, em cada ROM (minério de mina, sem beneficiamento), existe um teor de 1% de cobre, mas que, concentrado, chega a 35%. Ficará a cargo da empresa que comprar o concentrado o processo de beneficiar o produto para se atingir um teor de 90% a 100%. ´Este é um processo muito caro, mas a demanda está grande e não é difícil encontrar compradores´.Bolivar informa que as sondagens feitas até agora chegam a 600 metros de profundidade e, com o encontrado, a vida útil da mina chega a 18 ou 20 anos. Contudo, através do aprofundamento das sondagens, este tempo poderá chegar a 30 anos, já que se espera que haja minério em camadas mais inferiores de terra.Segundo Bolivar, o preço da tonelada métrica do cobre no mercado internacional varia entre US$ 8,5 mil a US$ 9 mil. ´Foi isso que nos animou a empreender o projeto. O cobre, até o começo de 1985, tinha o seu preço, em dólar, cerca de 6 vezes inferior ao de hoje´.Por ano, deverão ser produzidos entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas do minério. A expectativa é de que, quando em pleno funcionamento, a exploração da mina possa gerar um faturamento bruto de US$ 35 milhões por mês, ou cerca de US$ 420 milhões/ano. Entretanto, explica Bolivar, retirando os gastos operacionais e com impostos (caso ainda sejam aplicadas as alíquotas atuais), o faturamento líquido da empresa ficará em aproximadamente 15% deste total, chegando a aproximadamente US$ 5 milhões/mês (US$ 60 milhões anuais).Quando a mina estiver funcionando, o cobre extraído será escoado pela CE-311, entre os municípios de Viçosa e Granja, cujas obras de asfaltamento estão em andamento. Além do cobre, a mina ainda possui prata, mas em quantidades inferiores. Bolivar explica que este minério será comercializado como subproduto.Única área de intervenção desse minério em andamento no Ceará no momento, a mina de cobre de Viçosa, chamada de Pedra Verde, fica encravada no distrito de General Tibúrcio, na localidade do Sítio Ubari, a 15 quilômetros da Sede, bem na divisa com distrito de Passagem da Onça.
OBRAS INICIADASLicenciamento deve sair ainda este anoA empresa já possui a Licença de Instalação emitida pela Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), e já iniciou as obras de acesso à mina e de construção das instalações. Para começar, de fato, a exploração, ainda falta a emissão da Licença de Operação, também a cargo da Semace, e da Autorização de Lavra, a ser enviada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).Segundo Bolivar, a expectativa é de que até o fim do ano toda a parte de licenciamento esteja concluída. Logo após a autorização, a retirada do minério terá início em um prazo de um mês. ´A expectativa é de que, no começo do ano que vem, já estejamos lavrando´.Inicialmente, o minério retirado será estocado, até que estejam concluídas todas as instalações, que incluem duas britadeiras e um moinho. A instalação final da usina deve estar pronta entre 12 e 18 meses.Bolivar informa que ainda está pendente a instalação da linha de 69 mil volts que deverá abastecer a usina, que tem uma demanda elétrica de 5.500 quilowatts (KW). Somente o moinho exige uma energia de 2.400 KW. ´Estamos em negociação com a Coelce. O processo de instalação é demorado, já que a linha é exclusiva para a usina. O prazo é de 18 meses, no máximo, mas a Coelce poderá fazer em um ano´.Entretanto, o valor cobrado pela companhia para realizar a obra é considerada caro pela empresa. ´Estamos ainda negociando o valor. Queremos conseguir parceria com o Governo Estadual, Municipal e o Federal, para garantir incentivos para o empreendimento´.
Sérgio de Sousa / Natércia RochaRepórteres
Diário do Nordeste