Um mundo a explorar no interior da Ba
21/08/08
Lençóis (BA), 21 de Agosto de 2008 – Rios, serras, cachoeiras, grutas, lagoas, morros… haja fôlego e muito preparo físico para conhecer as belezas naturais que compõem os mais de 70 mil quilômetros quadrados da Chapada Diamantina, no interior da Bahia. Segundo os guias locais, são necessários, no mínimo, 20 dias para conhecer os principais pontos deste que é um dos principais destinos de ecoturismo do País, que atrai visitantes do Brasil e do exterior, principalmente europeus.A Chapada faz parte do sistema da Serra da Mantiqueira, que, na Bahia, se desdobra em outras duas serras: do Espinhaço e Mangabeira. As formações serranas, algumas com mais de um bilhão de anos, receberam nomes como Morro do Castelo, Morro do Pai Inácio e Morro do Camelo, entre outros. A região é composta por 57 municípios sendo dez totalmente dedicados à s atividades turísticas.Um bom ponto de partida para quem quer conhecer um pouco da Chapada é a cidade de Lençóis, a mais próxima de Salvador (412km). Conhecida como a capital da Chapada, a cidade tem boa infra-estrutura para receber os turistas, desde hotéis cinco-estrelas até pousadas mais simples, bons restaurantes e guias locais, que falam fluentemente inglês, francês e alemão para atender os muitos turistas europeus que visitam a área. Muitos desses guias jamais deixaram a cidade e aprenderam outras línguas com turistas que, encantados com o lugar, deixaram tudo para trás para viver na Chapada.É o caso do guia Aide Andrade Souza, mais conhecido como Ari, atual presidente da Associação dos Condutores de Visitantes de Lençóis (ACVL), que nos guiou em nossa incursão pela Chapada. Ele começa o passeio gabando a qualidade da cachaça fabricada por seu pai e a caminho de um dos roteiros mostra o barzinho onde a “danada” é vendida a R$ 2,50 a garrafa. Mas a primeira parada oficial é a casa do “seu” Cori, um velho garimpeiro de 80 anos, que não se cansa de mostrar aos visitantes como funciona um garimpo, a partir de um modelo que construiu no próprio quintal. Posando para fotos com ares de artista de televisão, ele mostra como era feita a busca pelos diamantes que eram abundantes na região.Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1973, Lençóis, que foi construída nos bons tempos do garimpo, preserva o casario colonial do final do século XIX. Com o término da mineração e a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, o turismo tornou-se a nova fonte de desenvolvimento da região.Com sua fauna e flora muito diversas em meio à vegetação do semi-árido, a Chapada tem, segundo o guia Ari, um pouco de cada lugar do Brasil. Com 80% da área do Parque montanhosa, a quantidade de cachoeiras é enorme. Cachoeirinha, por exemplo, não é das mais altas, mas está muito próxima do centro de Lençóis – a menos de dois quilômetros. Para chegar até ela, cruzamos o rio Lençóis, que corta a cidade e onde as lavadeiras ainda hoje lavam suas roupas. A caminhada de pouco mais de três quilômetros passa ainda pelo Salão de Areias Coloridas, produto da erosão das pedras com muitos minerais.Ainda sobre as cachoeiras, vale lembrar que a Cachoeira da Fumaça é a que tem a maior queda de água – de 380 metros. São vários os roteiros, alguns podem ser feitos em poucas horas, outros levam dias embrenhados na mata.Outro destino a ser visitado, partindo de Lençóis, é o Morro do Pai Inácio, já no município vizinho de Palmeiras. Para chegar ao topo do morro é preciso muito preparo físico e não ter medo de altura, pois a subida é muito íngreme, mas os guias estão sempre a postos para ajudar na escalada. O esforço compensa, pois a visão que se tem lá do alto é maravilhosa. A integração com a natureza e com a história e formação do planeta é total. Dá para ver outras formações como a batizada de Morro do Camelo.E como é comum no Brasil, o Morro do Pai Inácio é cercado de histórias, romance e perseguições, que são encenadas pelos guias aos turistas. Reza a lenda que um escravo fugitivo e que andava de namoro com a filha do fazendeiro para fugir do pai irado, pulou do alto do morro. O que ninguém sabia é que havia um platô logo abaixo que amorteceu a queda do apaixonado, que partiu para longe com a amada. E como esta são muitas as histórias e muitos os lugares que merecem ser visitados na grandiosa Chapada Diamantina.(Gazeta Mercantil – Pág. 14)(Lourdes Rodrigues – Viajou a convite da Bahiatursa )
Gazeta Mercantil