Terras-raras de Araxá atraem a atenção de Eike
27/01/12
Alvo do empresário seriam as jazidas de neodímio.
Após despertar o interesse da Vale S/A, a reserva de terras-raras da região de Araxá, no Alto Paranaíba, atraiu o empresário mineiro Eike Batista. Ele esteve na cidade no dia 12, quando se encontrou com o prefeito Jeová Moreira da Costa, e sobrevoou a região.
Fontes ligadas à prefeitura afirmaram que o alvo de Eike seriam as jazidas de neodímio. O município, de 100 mil habitantes, possui a segunda maior reserva de terras-raras do país (conjunto de 17 elementos essenciais para indústria de alta tecnologia). Araxá tem cerca de 8,1 milhões de toneladas desse tipo de metal. Mas, segundo avaliação do Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo (IPT), seriam necessários, no mínimo, US$ 200 milhões em investimentos para extração, mineração e separação da produção.
Conforme especialistas, as reservas de neodímio existentes em Minas Gerais podem transformar o Brasil em grande produtor do metal. Procurado pela reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO, o prefeito de Araxá informou, via assessoria de imprensa, que só vai comentar o assunto na próxima semana. No entanto, confirmou que a visita está ligada ao interesse de Eike na possível exploração das terras-raras descobertas na região do Barreiro. “Eike deixou claro que voltaria a Araxá para uma conversa mais detalhada”, afirmou Jeová, em nota.
A EBX, holding que controla as empresas do grupo de Eike Batista, não quis comentar o assunto.
Para consolidar um possível plano de exploração do local, Eike teria de definir parcerias estratégicas. O grupo canadense MBAC, do ramo de fertilizantes, tem os direitos de exploração do local. O projeto, intitulado Phosphate-Araxá, para exploração de fosfato, está em andamento há alguns anos, mas somente em 2011 a companhia protocolou, junto ao governo daquele país, os estudos referentes ao local.
Entre os projetos dessa área em desenvolvimento no mundo, o australiano – Mountweld, da Lynas Corp. – custou entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão apenas para montar a operação de extração do fosfato e processamento para separar os diferentes metais.
De acordo com o diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fernando Landgraf, o neodímio é um metal fundamental para a confecção de ímãs permanentes, conhecidos como superímãs, utilizados em discos rígidos para computadores, por exemplo.
Já o geólogo do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) Romualdo Andrade, explica que apesar de a jazida de terras-raras em Araxá não ser a maior no Brasil, é a composição do terreno que atrai o setor industrial. Segundo ele, estes minerais são insumos para a produção de equipamentos eletrônicos.
A China é o principal produtor do planeta e responde por 96% do mercado mundial, que movimenta aproximadamente US$ 5 bilhões por ano. Além do neodímio, há reservas locais de nióbio e cério, entre outros. As reservas de Catalão, em Goiás, são as maiores jazidas brasileiras de metal e chegam a ser superiores às da China.
Araxá já sedia a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). A área de exploração de fosfato na cidade também abriga uma das maiores companhias de fertilizantes instaladas no Brasil, a Bunge.
Diário do Comércio