Tecnologias para criação de solos saudáveis a partir de rejeitos e estéreis da mineração são debatidas em seminário online
29/06/22
A utilização de rejeitos e estéreis da mineração para a reabilitação de solos e como substrato agrícola é uma das possíveis soluções para uma economia circular e, consequentemente, para proporcionar inovações sustentáveis. Estas e outras alternativas inovadoras foram apresentadas e debatidas durante o seminário “Criação de solos saudáveis a partir de rejeitos e estéreis da mineração”, realizado nesta quarta-feira (29), pelo Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM). O evento foi 100% virtual por meio do Youtube da Revista Brasil Mineral.
Na abertura do evento, o diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Rinaldo Mancin, afirmou que os rejeitos sempre foram considerados um passivo no setor. “É muito caro armazenar, além dos riscos envolvidos na gestão de rejeitos. Porém, temos discutido novas formas de transformar esse passivo em ativo e torná-lo um material 100% utilizado em outras cadeias, como na construção civil e no agronegócio”, afirmou.
Segundo o diretor do IBRAM, o mercado de minérios no Brasil está pujante e isso torna viável avançar em novos empreendimentos e, consequentemente, o volume de rejeitos vai aumentar nos próximos anos. “Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM) apontam 3,4 bilhões de m3 de rejeitos armazenados no Brasil. O Brasil tem cerca de 700 barragens de rejeitos cadastradas. Apenas no estado de Minas Gerais são mais de 450 barragens instaladas”, explicou.

Enir Sebastião Mendes, Diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral do MME e Rinaldo Mancin, diretor de Relações Institucionais do IBRAM – crédito: divulgação
Rinaldo Mancin afirmou que o setor mineral vem trabalhando em estratégias visando a minimização dos impactos ambientais, de forma a produzir uma mineração ainda mais sustentável, além de criar novas cadeias produtivas que possam emergir da produção de rejeitos. “Temos desafios tributários para tornar atrativa a reutilização dos rejeitos. Mas sabemos que é fundamental desenvolver esta cadeia de reuso, pois temos os setores da construção civil e da agricultura, que poderiam ser os destinos desses materiais”, analisou.
O diretor do IBRAM ainda lembrou que o Instituto apoia há três anos o Mining Hub, primeiro hub de inovação para a mineração do mundo, com o objetivo de desenvolver soluções para desafios comuns do setor mineral, dentre eles, a gestão e a transformação de rejeitos.
Ao final, Rinaldo Mancin convidou a todos expectadores a participarem da EXPOSIBRAM 2022, que volta este ano ao formato presencial e ocorre entre os dias 12 e 15 de setembro, em Belo Horizonte (MG). “Este é um dos maiores eventos de mineração do mundo e lá estaremos discutindo em diversos painéis a gestão de rejeitos e agrominerais, entre os vários temas relevantes”, finalizou. A EXPOSIBRAM 2022 também terá uma versão digital, nos dias 20 e 21 de setembro.
Também participaram da abertura do evento Enir Sebastião Mendes, Diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral do MME, Lilia Mascarenhas Sant’agostino, secretária adjunta de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, do Ministério de Minas e Energia, e Esteves Pedro Colnago, diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM).
Aline Nunes, coordenadora de Assuntos Minerários do IBRAM, moderou as apresentações no seminário. Segundo ela, o Brasil precisa dar ênfase ao aproveitamento de rejeitos. “O país vive um cenário de novos empreendimentos com teores mais baixos comparado com outros mais antigos. Com isso, temos diversos gargalos e um deles é a disposição dos resíduos gerados pela indústria mineral. Temos que buscar ainda mais inovações e soluções para essa temática”, disse.

Aline Nunes, coordenadora de Assuntos Minerários do IBRAM – crédito: divulgação
Para ela, o compartilhamento de conhecimento é a chave para impulsionar o aproveitamento de diversos resíduos da mineração, além da necessidade de criação de novas políticas públicas para estímulos desse aproveitamento, tornando-se uma atividade tão necessária como a de mineração.
Durante o webinar também foram debatidos os benefícios do planejamento de uso futuro dos rejeitos e estéreis, desde o início do projeto, o que permite a adoção de melhores soluções também sob o ponto de vista geotécnico. A adoção dessas tecnologias no desenvolvimento de solos saudáveis também tem impacto positivo na estabilização de carbono, o que possibilita mitigar a emissão de gases de efeito estufa de diversos processos produtivos e outros impactos ambientais associados à indústria mineral.
O seminário contou com participação de representantes da ANM, do IBRAM, Embrapa, Luiz de Queiroz College of Agriculture University of São Paulo (ESALQ), Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas (SOBRADE), Universidade de Brasília (UNB), Pimenta de Ávila Consultoria Ltda e teve o apoio da Revista Brasil Mineral.