Setor pode viver revolução
19/01/09
Siderúrgica, refinaria e exploração da mina de urânio e fosfato devem alavancar alguns segmentos produtivosA espera é longa, e já coleciona algumas decepções. A expectativa de ter aqui grandes projetos como siderúrgica, refinaria, além da exploração da mina de urânio e fosfato de Itataia, sempre alimentou a esperança de haver um forte parque industrial no Estado. Atualmente, mesmo em um ambiente de incertezas que se alastrou na esteira da atual crise econômico-financeira internacional, é presente a idéia de que esta revolução na nossa indústria está mais próxima.A vinda destes empreendimentos irá permitir que o Estado passe a produzir e exportar produtos de maior valor agregado, gerando, consequentemente, maiores divisas. Somente a refinaria, por exemplo, traz em seu bojo a capacidade de expandir o Produto Interno Bruto (PIB) estadual em 45%, quando a unidade estiver em sua fase de produção. A siderúrgica, por sua vez, poderá incrementar a nossa economia em mais 15%.´Em se realizando [os projetos], a economia do Ceará terá outro aspecto. Aí, realmente, ela se tornará muito moderna´, avalia o coordenador de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), Pedro Jorge Ramos Vianna. O presidente da Fiec, Roberto Macêdo, complementa: ´Já com a implantação ocorre a mudança, porque temos que treinar a mão-de-obra e capacitar?, complementa.Os empreendimentos vão requerer também muito equipamento e matéria-prima ? avalia o presidente da Fiec. ´Tudo isso vai ser tentado trazer pra cá pra montar um setor metalmecânico baseado em matérias-primas que não temos aqui, mas que virão de fora. E uma vez instalada, e sendo produtiva, vai produzir pro resto do Brasil´, acrescenta ele.Entretanto, Macêdo ressalta: ´Tudo isso é uma cadeia que começa agora. Um desdobramento é coisa pra 10 anos, 20 anos. É algo demorado, não é pra noite pro dia´.O presidente do Conselho de Economia, Finanças e Tributação da Fiec, Fernando Castelo Branco, também faz uma ressalva. Segundo ele, no caso da siderúrgica, o impacto para o Ceará só será realmente significativo, gerando a criação de um novo pólo industrial por aqui, se a usina acompanhar, também, uma unidade de laminação. ´Sem isso, o beneficio é pequeno em termos de economia local. Pode ser grande em termos de divisas, mas de multiplicador, fica muito limitado´, argumenta. Segundo Castelo Branco, é essa unidade que poderá criar um pólo metalmecânico, dando condições necessárias para a vinda de uma montadora de automóveis.ZPEsA importância estratégica da instalação de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE) também é destacada pelo presidente do Conselho. ´Ela poderá abrir um leque enorme de indústrias de alta tecnologia, e que necessariamente não precisam ter a matéria-prima local. Será o grande alavancador do desenvolvimento do Ceará´.A ZPE do Ceará deve ser instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Atualmente, o projeto está em análise do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e pode sofrer ainda alterações para que seja regulamentado.
Diário do Nordeste