Santa Quitéria: Mina será a maior do Brasil
23/06/08
Com cerca de 80 mil toneladas de reservas lavráveis de urânio, a mina de Itataia, localizada a 252 quilômetros de Fortaleza, é a maior do Brasil, país que possui a sexta maior reserva uranífera do mundo. A capacidade de produção da mina representa uma acréscimo de 375% no quadro atual. Desta forma, a exploração em Santa Quitéria faz parte dos interesses estratégicos nacionais, com a decisão de investir mais na energia nuclear como forma de evitar um colapso energético em um futuro próximo.´Há uma retomada mundial enorme. O que se supunha estar parado ao longo do tempo, hoje se prevê alguma coisa na ordem de 220 novas usinas nucleares ao redor do mundo nos próximos 30 anos. É a única que não contribui para o efeito estufa e isso é fundamental dentro das condições climáticas atuais. E é isso que motivou a retomada´, afirma o presidente do INB, Tranjan Filho.Com essa capacidade, a mina poderá contribuir para a produção de 11,1 mil megawatts (MW) de energia elétrica ? hoje, com a mina de Caetité em operação, são garantidos pelo meio nuclear, 2 mil MW. Já em fosfato, a mina possui quase 9 milhões de toneladas lavráveis. A produção de 240 mil toneladas/ano prevista representa 7% do que é produzido nacionalmente. ´O Brasil é dependente em 52%, nós importamos 52% do fosfato consumido aqui´, informa Tranjan, destacando que a mina cearense terá um impacto importante em um período de 30 anos, que é o seu tempo de vida.E ainda há outro importante potencial: Itataia possui reservas 300 milhões de metros cúbicos de calcário, matéria-prima para a produção de cimento, segundo a INB.Mais investimentos, diz Cid´Teremos mais potencial para instalar outras fábricas de cimento. O grupo Votorantim está abrindo uma nova fábrica nas proximidades do Porto do Pecém, e já há negociações, entendimentos bastante avançados, para atração de uma nova fábrica de cimento, cujo nome não vou revelar agora´, destacou ontem governador do Estado, Cid Gomes. AUTORIZADO AÇUDEFornecimento de água é necessário para operaçãoApós resolvida toda a questão burocrática, a maior pendência ainda existente para garantir o início das operações da usina de Itataia é o fornecimento de água, segundo afirma o prefeito de Santa Quitéria, Tomás Figueiredo. Para garantir o seu funcionamento, a fábrica precisa de mil metros cúbicos de água por hora.Segundo o governador Cid Gomes, foi autorizado, esta semana, a construção de um açude na localidade de Lagoa do mato, em Itatira. Entretanto, segundo Figueiredo, o açude se localiza a 50 quilômetros de onde será instalada a usina. Assim, seria necessário um investimento de R$ 50 milhões para construir as adutoras para levar água à mina.Infra-estruturaAlém de água, questões como estradas e energia elétrica são outras demandas a serem supridas. Segundo Figueiredo, serão precisos R$ 22 milhões para dotar a região de energia elétrica necessária. É preciso também recuperar a adequar a CE 366, que dá acesso á mina e que atualmente é apenas uma estrada de barro. A rodovia ainda não possui orçamento concluído.IBAMA PODE QUESTIONARFalta assegurar licença ambientalComo a INB possui o monopólio de exploração do urânio e, em Itataia, ele é encontrado em associação ao fosfato, em uma proporção de um para 100, o maior problema era viabilizar economicamente a usina. Com a definição de um parceiro privado fazendo a etapa inicial do fosfato, a questão foi resolvida. Contudo, nem tudo está pronto para iniciar as obras em santa Quitéria. O licenciamento ambiental necessário para o projeto ainda não está concluído, informa o presidente da INB, Alfredo Tranjan Filho.Segundo ele, para a licença convencional, destinada à exploração do fosfato, já foi emitida pela Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente – Ceará) um documento primário (EIA/Rima), ´com quase tudo resolvido´, como explica. Entretanto, ainda há a possibilidade de o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) questionar esta decisão. Já a licença nuclear, reservada à exploração do urânio, ainda está pendente junto ao Ibama e à Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear). ´Só iremos entrar em sítio e trabalhar após a conclusão das licenças. O que a gente imagina é levar um ano, um ano e meio, no máximo, para tê-las todas prontas e começar a trabalhar´, afirma o presidente do INB.Em oito mesesO prefeito de Santa Quitéria, Tomás Figueiredo, esclarece que o Ibama e o INB visitaram a mina no ano passado e realizaram um termo de referência para as questões ambientais. Segundo ele, o INB agora terá que apresentar a documentação para defender o termo expedido.´Em oito meses, é possível concluir tudo isso. Não começa do zero, já existe muita coisa preparada´.
Diário do Nordeste