Santa Bárbara amplia o leque de negócios em MG
13/12/06
Já começou, na região de Itabirito, a montagem de um grande projeto da MBR Mineração. Pioneiro na industrialização de Minas Gerais, ainda no amanhecer do século passado, o coronel Juventino Dias legou aos mineiros e aos seus 15 filhos, uma das primeiras fábricas de cimento do estado, a Cauê, e mais oito empresas ligadas ao ramo de construção. Uma dessas empresas, a Santa Bárbara Engenharia e Construção, administrada por netos do velho empreendedor, entregou, há um mês, uma das maiores obras já realizada em Minas: a edificação da Mina de Brucutu, de propriedade da Cia. Vale do Rio Doce (CVRD).
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No período de apenas 24 meses a construtora ergueu as instalações industriais da maior mina mundial em início de operação, localizada na pequena cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo, a 100 quilômetros a leste da capital mineira. Serão extraídos 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o dobro da produção de Carajás, quando iniciou as suas atividades.
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O presidente da construtora, Marcelo Dias, alega restrições contratuais impostas pelo cliente para não revelar o valor da sua parte na obra, que teve um orçamento total de quase US$ 2 bilhões. Poucos empreendimentos apresentaram tamanho impacto na economia mineira, em decorrência não apenas da sua grandiosidade, mas principalmente da urgência do seu cronograma.
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Marcelo Dias lembra que em questões de semanas foram admitidos 1.800 operários, alojadas na minúscula e assustada cidade de São Gonçalo (6 mil habitantes). “Além do nosso pessoal, foram alojados empregados de outras duas empresas, da área de montagem, exigindo quase a construção de outra cidade”, explica.
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Surpresas desse tipo causaram vários impactos, inclusive o repentino e extraordinário aumento da receita municipal. As empreiteiras – sobretudo a Santa Bárbara – passaram a emitir um volume grande e rápido de notas fiscais, decorrentes dos serviços prestados na obra. Em questão de semanas a arrecadação tornou-se dez vezes maior que a estimada no orçamento. Essa grande quantidade de dinheiro, sem nenhuma previsão de gastos, atraiu ainda mais gente e empresas para o local, gerando situações inusitadas.
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Em apenas seis após o início das obras na mineração, uma instituição educacional construiu uma universidade em São Gonçalo do Rio Abaixo, com oferta de seis cursos de graduação, sem se importar que o município não dispunha, sequer, de curso colegial completo para os estudantes locais.
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A obra de Brucutu está encerrada mas o canteiro de obras não será desativado. Apenas foi transferido para a mina do Pico, de propriedade da MBR Mineração, subsidiária da mesma CVRD. A jazida está localizada também na região metropolitana, mas em direção ao Rio de Janeiro, no município de Itabirito, onde deverão será extraídos outros 10 milhões de toneladas de minério de ferro. Minas Gerais vive o auge na produção desse mineral e toda a produção anual, que é superior a 100 milhões de toneladas, se encontra totalmente vendida, como revelou o próprio Roger Agnelli, presidente da Vale, na inauguração de Brucutu. A empresa é proprietária de quase todas as jazidas de minério de ferro em solo mineiro que, por sua vez, detém mais de 60% de toda a produção brasileira.
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A Santa Bárbara deverá faturar R$ 240 milhões neste ano. Em decorrência desse receita, obtida em grande parte com a prestação de serviços para grandes empresas industriais, como a própria Vale e a Petrobras, e órgãos públicos com a prefeitura de Belo Horizonte e governos estaduais de Alagoas e Paraíba, a empresa decidiu fortalecer também o seu ramo de construção de prédios residenciais e escritórios.
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Esta parte é de responsabilidade da Santa Bárbara Desenvolvimento Imobiliário, que funciona como empresa independente. A empresa de construção imobiliária é comandada por Gustavo Dias, irmão de Marcelo, e entre seus planos para 2007 destaca-se o lançamento de três condomínios residenciais fechados em Belo Horizonte e Goiânia, com um total de cerca de mil lotes. Num deles, o Santuário Serra da Moeda, em zona rural de grande beleza na região metropolitana da capital mineira, cada lote tem 40 mil m², mas o seu proprietário só poderá utilizar o máximo de 10% da área. O restante foi tombado como patrimônio natural do município (Moeda) por iniciativa da própria construtora.
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Os dois braços independentes da Santa Bárbara criaram uma força comercial que pretende faturar R$ 300 milhões em 2007 e alcançar a R$ 500 milhões dentro de três anos. (Gazeta Mercantil/Gazeta do Brasil – Pág. 14)(Durval Guimarães)
Gazeta Mercantil