Reúso da água avança entre as mineradoras
28/10/16
A água, que sempre foi uma das questões estratégicas da mineração, junto com a terra e o capital, tornou-se um grande desafio para a indústria extrativista. A escassez do recurso exige medidas de uso mais eficiente e sustentável e uma parceria cada vez mais próxima com as comunidades em áreas de mineração. A participação nesses processos das mineradoras, a necessidade de esforço conjunto de governos, organizações nãogovernamentais, empresas, populações locais e universidades foram destaque do seminário “Water Mining and Communities”, realizado durante o 24° Congresso Mundial de Mineração, no Rio de Janeiro. “A água é uma limitação para o desenvolvimento dos recursos minerais. Nos últimos anos, as empresas tiveram que mudar muito para evitar conflitos com a comunidade e a perda de licenças e cada vez mais terão de fazer isso”, diz Tom Butler, presidente do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM). “Mais de 70% dos conflitos na mineração no Peru estão relacionados à água”, diz o professor Bern Klein, professor, do Instituto de Engenharia de Minas da Universidade de British Columbia (UBC), do Canadá. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 73% do uso da água no planeta vão para a irrigação agrícola, 6% para o consumo humano e 21% para a indústria ¬ inclusive a extrativista. A concessão mineira de cobre de La Bamba, no Peru, um investimento de US$ 10 bilhões liderado pela estatal chinesa Minimetals, está parada desde os protestos locais, em setembro, por causa, entre outros motivos, do consumo de 800 litros de água por segundo do rio Challhuahuacho e do temor de contaminação da bacia hidrográfica. Uma das respostas das mineradoras ao desafio tem sido o reúso da água. A Vale reduziu a dependência ao recurso reutilizando 70% da água que consome nas operações mineradoras. No projeto S11D, que entrará em operação em 2016 e vai mais que dobrar a capacidade de produção de minério de ferro de Carajás, no Pará, a tecnologia será a do beneficiamento por umidade natural. A inovação vai reduzir em 93% o consumo de água usada nesta etapa da mineração.A Newmont, no estado norte-americano de Nevada, conseguiu reduzir em 90% o consumo de água usada para baixar a poeira que impedia o tráfego de caminhões até à usina com tecnologia de supressão de pó com elementos químicos não-tóxicos desenvolvida pela Water & Process da GE. “A relação com a água tem de ser discutida com a comunidade”, diz Ben Chalmers, responsável na Associação Mineradora do Canadá pelo projeto Rumo à Mineração Sustentável, de fomento às boas práticas para gestão de barragens. ” Nada, porém, vai funcionar sem real engajamento da indústria de mineração”, afirma Manuel Bernales Pacheco, gerente da ONG peruana Futuro Sustentável.
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Valor Econômico