Resíduos industriais têm impressão digital
15/08/07
Estudo Abetre: indústrias gastam para corrigir passivos ambientais x tecnologia de ponta para aterros sanitários x mercado ainda a ser explorado. Em recente estudo inédito realizado no país para mensurar o volume de resíduos coletados, assim como os gastos com gestão ambiental das indústrias brasileiras, apurou-se que as empresas brasileiras estão gastando mais de R$ 400 milhões por ano com a correção de seus passivos ambientais. E esse desembolso está relacionado somente a serviços especializados que precisam ser contratados, sem incluir custos internos, multas, indenizações e despesas judiciais. “Tais cifras ressaltam a importância de se manter nos primeiros níveis hierárquicos as decisões estratégicas em gestão ambiental, como escolha de tecnologia e seleção de fornecedores qualificados”, analisa Diógenes Del Bel, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos. O dado consta de levantamento feito pela entidade em parceria com a consultoria de negócios PricewaterhouseCoopers junto às 100 maiores unidades privadas de disposição de resíduos no país, tendo como ano base 2005. Segundo o presidente da Abetre, o resíduo industrial tem “impressão digital”, ou seja, é relativamente fácil identificar a sua origem e as responsabilidades a partir do rastreamento do percurso inverso: do ponto de destinação inadequada ou clandestina até o gerador. “Por isso, os passivos ambientais tornaram-se uma preocupação crescente entre empresários, dirigentes e acionistas. A exemplo de outros países, a questão já ultrapassou as fronteiras do setor industrial e hoje vem ocupando espaço na agenda dos setores financeiro, imobiliário, de seguros entre outros.” Por outro lado, a sofisticação da tecnologia de aterros sanitários privados já colhe resultados. As empresas que detêm a técnica recebem cerca de 7 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, segundo dados levantados pelo estudo. O mercado consolidado pela nova tecnologia de aterros privados é atualmente da ordem de R$ 390 milhões, correspondendo a um crescimento de 10% em relação ao ano anterior (2004). De acordo ainda com o mapeamento da Abetre, há hoje no país cerca de 53 unidades privadas de disposição em aterro de resíduos classe I (os perigosos que apresentam risco à saúde pública) e classe II A (os ?não inertes? que podem ter propriedades tais como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água). ?Os aterros ainda são a alternativa tecnológica de destinação mais utilizada pelas empresas e prefeituras. Mais de 70% dos resíduos tratados no Brasil são destinados a aterros?, acrescenta. Na mesma pesquisa, A Abetre constata que o co-processamento, tecnologia que trata resíduos gerados em indústrias para serem utilizados no abastecimento dos fornos de clinquer das cimenteiras movimenta negócios da ordem de R$ 115 milhões ? os resíduos tratados tornam-se combustível para a produção do chamado ?cimento verde?. Há no país 39 unidades privadas de co-processamento que tratam cerca de 700 mil toneladas por ano. Entretanto, a capacidade brasileira é ainda pouco explorada, já que as empresas do setor têm condições de processar quase 2 milhões de toneladas ao ano. ?O co-processamento é uma das maneiras adequadas de tratar resíduos sólidos, pois são utilizados como matéria-prima na produção industrial. Somente cerca de 21% dos resíduos tratados no país são destinados ao co-processamento?, complementa Diógenes Del Bel. Foto: MYQ Online
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