Projeto da Unesc utiliza pozolana para produzir cimento
30/07/15
No dia 30 de julho será inaugurada uma planta-piloto para utilização de um dos subprodutos do carvão na indústria cimenteira. O objetivo é consumir menos energia na fabricação do cimento e conferir maior durabilidade às construções. Esta é a proposta do Projeto Pozolana, desenvolvido pelo LabValora (Laboratório de Valoração de Resíduos) do IDT (Instituto de Engenharia e Tecnologia), localizado no Iparque (Parque Científico e Tecnológico) da Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), em Criciúma.
A pesquisa é coordenada pelos professores doutores Agenor De Noni Junior, Michael Peterson e Adilson Oliveira e conta com a participação de alunos e egressos do curso de Engenharia Química e do Mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais da universidade. A Pozolana é um tipo de material que desenvolve características de cimento na presença de cal. No caso do projeto, a pozolana é derivada de um subproduto do carvão, os argilominerais, que são separados do carvão, no processo de ?lavagem? após a retirada da mina. ?Hoje, no Brasil, as pozolanas usadas na fabricação de cimento vêm principalmente das cinzas de termelétricas?, comenta Oliveira.
Ele explica que a incorporação da pozolana na mistura com o cimento Portland, o chamado cimento pozolânico, ajuda a baratear o processo produtivo do cimento e aumenta a resistência das obras, já que a pozolana confere uma maior resistência e melhores propriedades ao material. ?A pozolana é produzida a 900ºC, enquanto o cimento comum é produzido a 1.400ºC, o que significa, no segundo caso, um maior custo e consumo energético, além de uma maior emissão de gás carbônico. Além disso, a produção de pozolana derivada do carvão ajuda a diminuir o volume de resíduos decorrentes da extração do mineral e possibilita uma nova atividade econômica na região sul?, comenta o pesquisador.
O Projeto Pozalana tem duração de dois anos ? um deles para a pesquisa, já concluído, e outro para o estudo de viabilidade econômica, que será encerrado em julho de 2016 ? e um investimento de R$ 4,6 milhões, com aporte de recursos do BNDES e de uma empresa do setor carbonífero da região. No final do projeto, a planta-piloto permanecerá no Iparque e servirá para o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de resíduos do setor mineral e industrial.
A Unesc participa do projeto na parte de pesquisa, desenvolvimento do produto, da tecnologia de processamento e pelo estudo de viabilidade econômica para a montagem da usina. Iniciado em 2012, o projeto ficou em análise no BNDES durante três anos, antes de começar a ser desenvolvido. O objetivo da empresa mineradora local é construir uma usina com capacidade para a transformação de 600 toneladas/dia de minerais ? que seriam descartados como resíduos do processo de extração do carvão ? em pozolanas para a indústria cimenteira. ?O projeto procurou a melhor tecnologia dentro de uma filosofia de inovação. A planta piloto possui equipamentos com tecnologias nacionais, acompanhada de instrumentos analíticos de ponta. Alguns deles, inclusive, existem apenas nos Estados Unidos?, afirma o pesquisador Agenor De Noni.
Brasil Mineral