Projeto da BML pode chegar a US$ 4 bilhões
05/03/07
Patrick Cruz05/03/2007
A Bahia Mineração (BML) pretende concluir já em 2010 a primeira etapa dos investimentos na área de ocorrência de minério de ferro em Caetité, a 757 quilômetros de Salvador. O aporte anunciado pela companhia é de US$ 1,6 bilhão, mas o volume de recursos para as fases futuras do trabalho deve chegar a US$ 4 bilhões, segundo fonte do governo baiano que acompanha o projeto.
“Vamos nos concentrar primeiramente nessa fase inicial e depois vamos definir os próximos passos”, disse ao Valor o indiano Pramod Agarwal, controlador da BML. “Estamos com uma boa equipe, formada basicamente por brasileiros, e contamos com o apoio do governo estadual”, afirmou ele no início da manhã de sábado, pouco antes de embarcar em Salvador para Caetité, onde assinou o protocolo de investimento com o governador da Bahia, Jaques Wagner.
Entre outros pontos, o protocolo prevê que, se houver igualdade de preço para a venda do mineral para clientes nacionais ou estrangeiros, a prioridade será dada ao mercado interno. Esse termo reforça a possibilidade de o projeto da BML também viabilizar a construção de uma siderúrgica para beneficiar o minério. “A siderúrgica poderia tanto ser construída pela BML, com parceiros, quanto por algum outro grupo”, disse o secretário estadual da Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo.
A BML, que tem escritório em São Paulo, terá uma base de operações em Salvador. Para a unidade da empresa deverão se deslocar alguns de seus executivos – a exemplo de Armando Santos, que agora preside a BML, boa parte deles foi recrutada na Vale do Rio Doce. Agarwal pretende acompanhar o trabalho de perto. Ele disse que suas visitas ao Brasil agora ocorrerão mensalmente.
Da parte do governo baiano, os investimentos vão se concentrar basicamente na recuperação das estradas da região. Até maio, o Estado pretende assinar acordo com o Banco Mundial para a restauração das rodovias estaduais BA 156, 148, 262 e 263. Também será incluído no financiamento a restauração dos 100 quilômetros da BR-030 – estadualizada em 2002 -, que liga Caetité a Brumado. O investimento total no projeto será de US$ 186 milhões, com US$ 100 milhões do Banco Mundial e US$ 86 milhões da contrapartida que cabe ao Estado.
A idéia da BML é levar o minério de Caetité ao porto de Ilhéus por mineroduto, deslocamento de 400 quilômetros. Mas, a recuperação da BR-030 abre a possibilidade de a empresa também escoar a produção pelo porto de Aratu, em Salvador, diz o secretário de Infra-Estrutura, Antônio Carlos Batista Neves. Pela região de Brumado passa a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que leva ao porto de Aratu.
“O porto de Ilhéus ainda necessita de adaptações para poder escoar minério e o de Aratu já tem estrutura própria”, disse o secretário. O escoamento por terminal já adaptado para as necessidades da BML pode esbarrar no fato de a FCA ser controlada pela Vale, concorrente da empresa controlada por Pramod Agarwal.
Segundo Batista Neves, até o fim do ano, ficará pronto o projeto de construção da ferrovia que ligaria Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, e Brumado, no sudoeste. Antigo pleito dos produtores agrícolas do pólo de grãos do oeste da Bahia, a ferrovia também poderia atender a exploração de minério de ferro da BML.
Ainda que a jóia da coroa da mineradora fique nas cercanias de Caetité – estima-se que os três blocos principais já detectados na região têm reservas de quase 4 bilhões de toneladas -, a área de ocorrência de minério de ferro estende-se por parte do sudoeste baiano até o município de Xique Xique, no Vale do São Francisco.
Isso justificaria a utilização da ferrovia também pela BML. A elaboração do projeto para estudo de viabilidade econômica e impacto ambiental e o projeto de engenharia, consumirão R$ 22,5 milhões.
Valor Econômico