Produção de aço inox crescerá 14% este ano
07/11/06
O avanço no consumo de aço inoxidável para obras de infra-estrutura e produção de bens de consumo na China fará com que a produção atinja seu recorde histórico este ano. Até o final de dezembro, deverão ser produzidas cerca de 27,7 milhões de toneladas em todo o mundo, um aumento de 14% em relação ao ano passado. Além do aquecimento da demanda, a formação de estoques está ajudando esse movimento. As compras dos distribuidores estão em alta, depois que eles esgotaram seus estoques nos dois últimos anos à espera de queda nos preços.
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Responsáveis por 60% das vendas mundiais, as revendas consumiram cerca de 1 milhão de toneladas que estavam em seus estoques e interromperam novas compras, o que causou uma queda de 1% da produção mundial de inox em 2004 e 2005. No entanto, como os preços não caíram, eles foram obrigados a retomar as compras, o que elevou seus estoques em 100 mil toneladas este ano.
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Segundo Peter Kaumanns, diretor de economia e estatística do International Stainless Steel Forum (ISSF), associação do setor sediada em Bruxelas, o mercado deve passar por algumas turbulências nos próximos anos devido ao brutal aumento de produção de aço inox na China, maior consumidor mundial. Este ano, o país tornou-se também o maior produtor, com 28% da produção mundial, superando o Japão. Há cinco anos sua participação era de apenas 14%.
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Até 2008, o país passará a ser auto-suficiente e começará a exportar grandes volumes do produto, o que deve reduzir os preços e acirrar a concorrência no mercado asiático. “A China, que hoje importa este tipo de aço, terá que exportar para os países que a abastecem, como Japão e Taiwan”, diz o diretor. Somente em 2005, US$ 70 bilhões foram investidos no setor na China, sendo que grande parte do investimento vem de outros países, como Estados Unidos, Taiwan e Japão. Naquele ano a produção chinesa cresceu 22%. Até 2004, o investimento acumulado foi de US$ 562,1 bilhões, segundo o ISSF.
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Comparada com estes gigantes, a produção do Brasil ainda é pequena. Com capacidade para 500 mil toneladas anuais, a indústria nacional produziu 400 mil toneladas no ano passado. A principal fabricante é a Acesita, controlada pela Arcelor, especializada em aços planos. A Gerdau e a Villares Metals produzem aços longos em escala menor para usos especiais.
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Para 2007, Kaumanns prevê um ritmo mais lento de crescimento na produção, com uma taxa em torno de 5%, próximo do ritmo histórico desta indústria, que opera em grande escala desde 1950. “Este ano estamos vivendo um pico da indústria que não se repetirá no futuro próximo porque a oferta é suficiente para atender a demanda”, diz o diretor alemão, que veio ao Brasil para participar do evento anual do setor, INOX 2006, que começa hoje em São Paulo.
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Segundo o executivo, a alta nos preços do inox está reduzindo o consumo do metal para algumas aplicações, como panelas e esquadrias de janelas. O alumínio, que custa US$ 2.310 a tonelada, tem substituído o inox nestes usos. No entanto, suas vendas cresceram para aplicações típicas do cobre, como tubulações e estruturas para telhados. O preço do cobre é US$ 7.285 a tonelada, enquanto um dos tipos de inox, chamado 304, custa hoje cerca de US$ 4.850 a tonelada.
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Desde 2002, o preço médio do inox subiu 194%, impulsionado pela alta nas matérias-primas. O níquel, que serve para deixar o aço maleável, teve alta de 407% desde 2002 no preço médio. Nos últimos meses, sua cotações oscilou por volta de US$ 30 mil a tonelada, quase três vezes os preços da última década. O cromo, responsável por impedir a corrosão, subiu 18%.
Valor Econômico