Produção brasileira de alumínio precisa crescer 5% ao ano
03/04/07
Patrícia Nakamura03/04/2007
A produção brasileira de alumínio primário precisa crescer quase um milhão de toneladas entre 2006 e 2015 para que o país permaneça entre os principais fabricantes do produto – de forma a atender tanto o mercado interno como as exportações.
A projeção foi feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e integra um estudo encomendado pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal). Para que esse patamar seja alcançado, a produção brasileira – hoje em 1,6 milhão de toneladas – deve subir num ritmo de 5,57% ao ano. Hoje, o Brasil é o sexto maior produtor e possui entre 4% e 5% de participação mundial.
A entidade calcula que até 2015 o consumo interno de transformados de alumínio salte das atuais 837 mil toneladas para cerca de 1,2 milhão a 1,6 milhão de toneladas. A velocidade de crescimento do consumo deve ficar entre 4,1% e 6,9% anuais nos próximos nove anos. Esse crescimento está acima das estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em cerca de 3,7% ao ano. Até 2015, as estimativas mais otimistas mostram o crescimento do consumo mundial em 4,6%. “A produção brasileira deve alcançar as projeções mais otimistas entre 2007 e 2010 por conta dos incentivos à construção civil gerados pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)”, afirmou Luís Carlos Loureiro Filho, presidente da Abal.
Apesar das perspectivas otimistas de consumo e da intenção de investimentos por parte dos produtores, o estudo da FGV aponta para a falta de geração adicional de energia, a alta carga de impostos e o elevado custo de capital como os principais entraves do crescimento da indústria. “Esses fatores podem reduzir a competitividade do alumínio brasileiro”, disse o professor Fernando Garcia, da FGV.
Segundo ele, a cadeia do alumínio no país sofre com uma carga tributária de mais de 30%; nos Estados Unidos, as taxas não passam os 6%. “A grande incidência de impostos pode anular as vantagens do país, como a alta tecnologia empregada e a vocação natural, com boa fonte de matéria-prima e de geração de energia elétrica”. A cadeia do alumínio – incluindo desde insumos e mineração até manufaturados – movimentou cerca de R$ 9,3 bilhões em 2004, último dado disponível.
A expectativa da Abal é de que a produção de alumínio primário alcance as 1,65 milhão de toneladas neste ano, um aumento de 3,4% em comparação a 2006. O consumo aparente deve subir 5,3%, para 882,4 mil toneladas, marcando o quarto ano consecutivo de crescimento. Em 2006, o consumo interno alcançou 837 mil toneladas, alta de 4,4% ante o ano anterior. As exportações subiram 11%, para 1 mil toneladas.
Valor Econômico